SEDUÇÃO PARA O CONSUMO de TABACO
O consumo de tabaco nas ruas tornou-se uma realidade reforçada pela lei que penaliza o seu consumo em espaços fechados. A lei terá sido criada para procurar reduzir a procura do consumo de fumo de tabaco.
Mas na realidade a sedução para o consumo mantém-se e aperfeiçoa-se.
A necessidade de consumir, por prazer ou por outras razões é uma realidade para muitos consumidores.
A necessidade de aumentar o conhecimento e assim promover a saúde é um dever de quem responsabilidades na Educação e na Saúde.
Aqui deixo para sua leitura o texto que escrevi em Maio de 2010 para o programa Causas Públicas, da RTP Antena1, que fiz com Filomena Crespo.
AINDA O TABACO E SEDUÇÃO PARA O CONSUMO
O
consumo de tabaco continua a merecer a atenção dos ouvintes interessados em
saber mais sobre este produto de consumo
Vamos
continuar a reflexão sobre a promoção do consumo de fumo de tabaco.
Para
muitas pessoas a produção de fumo de tabaco ainda está na moda ou é uma banalidade
divulgada por familiares que consomem, divulgada por amigos que consomem e
divulgada pela publicidade especializada.
Quando
pensamos na relação de pessoas jovens com o consumo de tabaco, não podemos
desvalorizar esse comportamento, e será um enorme disparate dizer que se trata
apenas de uma brincadeira de crianças ou adolescentes.
A
maioria dos consumidores dependentes inicia-se no consumo do fumo do tabaco
antes dos 18 anos. E sabemos bem que a dependência de tabaco é um assunto muito
sério para a saúde.
Sabendo-se
o que já se sabe, ainda há pessoas jovens que aderem a este comportamento:
consumir fumo de tabaco.
Há quem
comece sozinho nas novas experiências e na criação de hábitos, mas temos que
reconhecer que a força do efeito do grupo, pode ser muito grande.
É um
grande reforço o que se faz no grupo, o efeito do consumo em grupo.
Assim acontece
com as experiências com tabaco e com outras substâncias psicoactivas.
Um adulto
recorda facilmente situações da juventude em que sentiu a força do efeito de
grupo, perante determinadas escolhas.
Os
adultos consumidores de tabaco podem facilmente recordar o que se passou na sua
adolescência, quando se iniciaram, sem desejar ficar dependentes.
Ao
pensarmos na vivência da adolescência também temos que valorizar a importância
do comportamento do melhor amigo.
Numa
pessoa que esteja a viver um período de mudança e de adaptação, aumenta de
forma significativa a importância de quem é significativo, a importância do seu
melhor amigo.
Isso significa
pois que os interesses dos amigos podem influir nos nossos comportamentos?
É claro
que os hábitos do melhor amigo podem atrair-nos.
Quem tem
amigos que fumam, quem viu ou quem vê os pais a fumar, ou quem vê os irmãos
mais velhos a fumar estará mais susceptível para aceitar semelhante
comportamento.
Assim a
educação para a saúde deve ser feita desde que a criança compreende o que é a
higiene.
A boa
receptividade da informação e da formação na defesa da saúde, na promoção da
saúde, deve ser feita regularmente e adequadamente durante a infância e até à
pré adolescência.
Mas junto
de adolescentes, em plena fase de descoberta, pode não ser muito útil apenas divulgar
os danos causados pelo consumo de tabaco.
Muitos
adolescentes até desejam correr riscos e o consumo pode ser uma forma de
afirmação, de identificação e uma forma de fazer a integração junto de outros
consumidores.
O
consumo de tabaco não é inocente.
O facto
de se fumar activamente pode provocar no consumidor
efeitos sentidos como gratificantes e agradáveis.
A
percepção do agradável e do gratificante pode estar associada aos rituais e até
à exibição de fumar.
Mas
também pode estar associada aos efeitos psicoactivos provocados pela absorção
dos produtos da queima do tabaco.
No início
do consumo de tabaco, a relação com o cigarro tem uma significativa força
psicológica e mais tarde uma enorme carga bioquímica.
Apesar
dos efeitos desagradáveis do fumo a pessoa iniciada pode insistir nessa
atitude, como sendo a prova a superar, para confirmar que é capaz de fazer como
os outros que fumam.
Sente-se
reconhecido por fazer como os outros, valoriza a forma como pega no cigarro, a
forma de o acender mesmo que por vezes faça triste figura tossindo e lacrimejando.
Em
plena puberdade, durante a adolescência os interesses são outros, porventura
opostos á saúde. Muitas vezes trata-se de um desafio, um teste aos limites.
Assim,
a estratégia terá que ser outra.
Por
isso, para além de ajudar a conhecer melhor os desgastes na saúde provocados
pela poluição com o fumo do tabaco, há que ajudar a perceber como somos levados
para esse consumo, como o consumidor é usado ou manipulado na relação com o
cigarro.
De facto
o consumidor é usado para manter a cadeia de produção de tabaco como se fosse
um bem de primeira necessidade.
O
consumidor é o centro dessa cadeia de interesses da indústria e do comércio de
tabaco contrários aos interesses da sua saúde.
Temos que salientar
que a publicidade seja explícita ou seja indirecta ou subliminar, tem por
objectivo seduzir pessoas para o consumo.
O tabaco é
apresentado de modo a que o provável consumidor o veja como um bem que pode
promover a sua imagem, algo de bom e sempre agradável para a sua pessoa.
Seduz mais as pessoas
que num momento do percurso da sua vida, estão mais disponíveis para fazer
experiências de consumo.
Dessas pessoas
destacam-se os adolescentes, as mulheres e até crianças pré-adolescentes.
Perante estas
situações, importa ajudar a perceber que a ceder ao apelo da publicidade que
promove o consumo, sendo péssima para o futuro da saúde do consumidor, é muitíssimo
importante para quem fabrica tabaco.
Por isso, para seduzir,
fazem-se promessas de reforço de dotes masculinos ou de dotes femininos.
Talvez por isso os
jovens e as mulheres são alvos prioritários na publicidade.
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