quarta-feira, 10 de outubro de 2012


Não ignore. Basta de não ver o que está à vista

Visite    http://maladaprevencao.blogspot.pt/


Oiça Rádio na     RTP Antena 1
                                 Quarta-feira pelas 15h20’ Semanalmente
Causas Públicas – Dependências
Com Filomena Crespo e Luís Duarte Patrício
Próximas sugestões

Ainda o Álcool – espaço para saber mai
 

 

Substâncias de abuso e ... exclusão social
Quem vai na rua olha e vê, se não vê...tropeça…
Mas há pessoas que se fazem excluir da área da liberdade

E pode ouvir em blogspot RTP Antena 1
Duração: 12 mi

Duração: 7 min
As substâncias que se vendem nas «smart shops».

quinta-feira, 13 de setembro de 2012



DROGA de Óleo
O que a vida profissional nos ensina,
a propósito da pseudo ingenuidade,
ou da falta de pudor de uns,
ou da falta de conhecimento ou
responsabilidade de outros. 
Por Luís Duarte Patrício
Médico psiquiatra
ÓLEO PARA FECHADURAS DE MADEIRA, um novo produto, ou como muitos dizem nova droga para venda em lojas smart, e que de fato pode ser uma substância anfetamínica, psicoanaléptica, ou mesmo até psicodisléptica, ou talvez psicoléptica.
Com imaginação e muita complacência indecente, e ainda que não seja apenas mais um inocente fertilizante para plantas também este produto virá para o mercado.
Deste modo também estará mais disponível para ser oferecido aos múltiplos interessados pela promoção do consumismo.
Reconhecido por alguns como produto essencial para uma intensa atividade comercial, será comercializado no mercado regulado em estabelecimentos estrategicamente abertos das 10h da manhã às 2 da madrugada, em áreas onde se presuma circularem jovens e menos jovens necessitados e interessados no uso recreativo ou regular deste produto para fechaduras de madeira.
Registe-se a preocupação ética de muitos agentes comerciais deste tipo de produtos e que deveras preocupados com algum eventual risco associado ao desvio na forma de uso, colocam nos seus produtos para venda, e com a sua seriedade, avisos para serem levados a sério pelos compradores e consumidores:
Manter fora do alcance das crianças
Não se destina a consumo humano
Não ingerir
A entrada deste tipo de ÓLEO PARA FECHADURAS DE MADEIRA, fabricado algures no oriente, e embalado no ocidente, apenas está dependente da sua importação, da constituição da firma que o vai comercializar e distribuir e do alvará que o amigo do agente comercial irá obter junto de competentes autoridades (internacionais, nacionais, regionais e locais), nomeadamente através de um amigo especialista em algumas áreas do Comércio, do Consumo e do Direito.
Para que tudo esteja legal face à justiça ao comércio e à economia, apenas se aguarda a resposta social de uma minoria de uma dita vanguarda e o resultado da visibilidade promovida por um grupo de pressão. Neste e noutros casos não importa se este ÓLEO PARA FECHADURAS DE MADEIRA é legal para a saúde individual, física e psíquica e se é legal para à saúde familiar e social.
Contudo consta que:
·         Há quem sendo conservador não aceite a entrada do ÓLEO PARA FECHADURAS DE MADEIRA na sua terra ou na sua casa;
·         Há quem sendo desconfiado aguarde a reação de outros para tomar uma decisão quanto à entrada do ÓLEO PARA FECHADURAS DE MADEIRA na sua terra ou na sua casa;
·         Há quem sendo vanguardista e ou até “progressóide”, facilite ou estimule esta nova experiência., facilitando a entrada do ÓLEO PARA FECHADURAS DE MADEIRA na sua terra ou na sua casa;
·         Há ainda quem não se interesse pelo assunto, pelo menos até que de alguma forma ele lhe toque na sua terra ou na sua casa.
 Aguardamos com interesse a reação do público interessado nestes assuntos e claro dos consumidores e suas famílias.
PS: para não fazer propaganda implícita não se publicam imagens das embalagens de venda do ÓLEO PARA FECHADURAS DE MADEIRA, até porque não se trata de um medicamento.
Nas Equipas de Aditologia, há profissionais de saúde, enfermeiros, psicólogos e médicos que se preocupam com a saúde dos seus doentes, que se preocupam com a saúde pública. É o caso de dois psiquiatras da Madeira, Dr. Luís Filipe Fernandes e Dr. Licínio Santos.
Voltaremos para descrever as TRÊS ATIVIDADES DE FORMAÇÃO para aprofundamento do saber sobre Novas substâncias, realizadas nos últimos dez meses, pelo Departamento de Saúde Mental do Hospital do Funchal e em que pude participar com a Mala da Prevenção, para que se saiba.
Sou testemunha do interesse, da responsabilidade e do esforço que estes colegas, entre outros, têm feito para que se saiba mais sobre este assunto que deve inquietar os cidadãos do seculo XXI e que nos responsabiliza como profissionais de saúde.
 
Da WEB retirei estas notícias que aqui partilho com o leitor
Um qualquer medicamento que          só este ano   tivesse provocado 3 mortos teria sido de imediato retirado
Reflexão do Dr Luís Filipe Fernandes – Médico Psiquiatra FUNCHAL
Facebook, Terça-feira através de telemóvel
Um qualquer medicamento que só este ano tivesse provocado 3 mortos na Madeira, teria sido de imediato retirado pelo Infarmed. Estas drogas ditas legais (os rótulos dizem que não devem ser usadas por humanos) são um problema de saúde publica, pelo que não percebo a incapacidade dos governantes para legislar e das actividades económicas para fiscalizar.
Amanhã a AR vais discutir o assunto, provavelmente para concluir que é preciso criar um grupo de trabalho.
 Comissão da Assembleia da República adiou votação para saber parecer da saúd
Drogas legais à espera
PUBLICADO NA EDIÇÃO IMPRESSA | Quinta-Feira, 13 de Setembro de 2012 | Por Anete Marques Joaquim

Jornal da Madeira | impresso.jornaldamadeira.pt | Edição Impressa

impresso.jornaldamadeira.pt
O diploma sobre as chamadas “drogas legais”, que o PSD/Madeira enviou para discussão na Assembleia da República, foi ontem analisado na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
A votação, contudo, acabou por ser adiada, já que os deputados da referida Comissão decidiram esperar que a Comissão de Saúde se pronuncie sobre o assunto.
A informação foi avançada ao Jornal da Madeira pela deputada social-democrata madeirense com assento na Assembleia da República, Cláudia Monteiro de Aguiar.
Refira-se que o objectivo da proposta de diploma é o de conseguir evitar que o tipo de produtos em causa seja considerado legal, já que, no actual quadro legislativo, não é possível proibir a sua venda ou consumo.

 






 



 





 

sábado, 16 de junho de 2012

Na Dinamarca, oito páginas sobre Portugal, STOF Journal



Narkotikapolitiske reformer:
Se Portugal!


STOF da Dinamarca, escreve oito páginas sobre Portugal.
Recebi o convite da Dinamarca, respondi por escrito às perguntas e enviei três fotografias de atividades que conhecemos e que são menos divulgadas.
Leia se desejar em
Duas fotos não publicadas


quinta-feira, 7 de junho de 2012

ADITOLOGIA AÇORES II CONGRESSO INTERNACIONAL




UNIVERSIDADE dos AÇORES
II Congresso Internacional de Aditologia

Substâncias de abuso, que intervenções?

Nos dias 8 e 9 de Junho, o evento vai abordar temas como “Aditologia em Portugal: olhar e ver”, “Desafios e enganos da prevenção: pensar e falar de frente”, “Comportamentos de risco nos adolescentes: à procura de respostas”, “Saúde mental, medicina familiar e aditologia: do afastamento ao reconhecimento”, “Clínica psiquiátrica, aditologia e patologia dual: a prática”, e “Clínica da adição à cocaína”.

Objetivos

 Partilhar conhecimento na área do consumo de substâncias psicoactivas

Re Conhecer as doenças associadas e os tratamentos adequados

Difundir boas práticas de intervenção na prevenção e na intervenção

Valorizar a promoção de estratégias de educação para a saúde

O Congresso reúne profissionais nacionais e internacionais, nomeadamente:

§  Aimé Charles Nicolas, Psiquiatra, Professor Universitário, Presidente da Associação FIRST Caraíbas. Formation Intervention Recherche Sida Toxicomanies;

§  Icro Maremmani, Psiquiatra, Professor Universitário, Pisa. Presidente de European Opiate Addiction Treatment Association (EUROPAD) e Presidente da World Federation for the Treatment of Opioid Dependence (WFTOD);

§  Jean Pierre Démange, Psicólogo Fundador e *Presidente da Associação T3E Toxicomanies Europe Échanges Études Director do Service d’Aide aux Tocicomanes de l’Oise, França;

§  Claude Vedeilhie – Psiquiatra Chefe de Clínica, Fundador e Membro do Conselho Técnico e Cientifico da Associação T3E Toxicomanies Europe Échanges Études Directeur de L’Intersecteur, L’Envol;

§  Francisco Pascual, psiquiatra, Espanha, Miembro da direção da Sociedad Española de Estudios del Alcohol el Alcoholismo y otras Toxicomanías (SOCIDROGALCOHOL), Membro da Alcohol Policy networks in Europe;

§  Azucena Martin, psicóloga – Espanha, Psicóloga Clinica na Unidade de Condutas Aditivas de Vall de Uixo – Espanha, Conselheira de saúde  - Região Valenciana, Espanha; Presidente da Associação Socidrogalcohol - Comunidad Valenciana; Psicoterapeuta Gestalt; Docente de Psicoterapia Humanista, em Murcia e Valencia

§  Célia Franco, presidente da Associação Portuguesa de Patologia Dual (APPD), assistente graduada de Psiquiatria, coordenadora do Serviço de Adições do Hospital Sobral Cid – CHUC, Coimbra;

§  António Costa, psiquiatra, Director do Centro das Taipas, Lisboa;

§   Manuel Guerreiro, psiquiatra, Director Clínico da Casa de Saúde de Carnaxide

Agradeço a confiança e estima da Prof Doutora Teresa de Medeiros e da Prof Doutora Raquel Diniz, e o convite da Universidade para colaborar no Curso de Educação Tecnológica e na organização do II Congresso Internacional de Aditologia.

Agradeço à Delegação dos Açores da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, nas pessoas dos colegas Dr. Fontes e Sousa e ao Dr. Adelino Dias a confiança, o respeito, a estima e amizade sempre recebida.

Agradeço a colaboração amiga de todos os colegas e amigos, estrangeiros e portugueses que ao longo de tantos anos ajudaram a construir o nosso saber e que uma vez mais, mesmo em tempos mais difíceis, partilham com os colegas e amigos portugueses o seu saber o seu conhecimento e a sua amizade. Bem hajam por tudo o que nos têm facultado para melhor ajudarmos os nosso doentes e para melhor ajudar-mos a prevenir as doenças e o sofrimento desnecessário.

Valeu a pena ter sido realizado o I Congresso Internacional na Universidade dos Açores, em Maio de 2004.

2004




2004

 Certamente que iremos ficar também muito agradados com os novos participantes e com o reencontro com os que possam participar nestes dias.

Saber mais não magoa gente boa, saber de menos não ajuda pessoas doentes

Vosso Luís Patrício




sexta-feira, 1 de junho de 2012

25 ANOS no CENTRO DAS TAIPAS


VINTE e CINCO anos depois o que mudou?

A droga em Portugal Que respostas?

Em Portugal, na Europa no Mundo e no nosso pequeno mundo

Por Luís Duarte Patrício

Faz hoje 25 anos que abriu ao público carenciado de apoio, a consulta externa do Centro das Taipas.

A criação oficial é de 4 de Junho e o Decreto lei tem a data de 12 de Junho.

Foi então um enorme momento de viragem em Portugal. O Ministério da Saúde assumia a sua responsabilidade na intervenção na área do que se chama então a DROGA.

Em Lisboa, O Centro das Taipas que foi criado na ARS, assumiu essa mudança.

A Comissão Instaladora foi presidida pelo Dr Nuno Miguel, a convite da Ministra da Saúde, Dr.ª Leonor Beleza.
Foram vogais da Comissão Instaladora, João Salvado Ribeiro, Psicólogo Clínico, Rodrigo Coutinho, Médico Interno de Psiquiatria, Carlos Leal, Jurista e eu próprio, Luís Duarte Patrício, Médico Psiquiatra, Assistente Hospitalar.

Os 3 médicos da Comissão Instaladora vieram do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Sana Maria, em Lisboa.

Estávamos em Portugal em 1987.

Notícia de como foi no início o CENTRO das TAIPAS
Diário do MINHO, 11/88

O Centro das Taipas o que é?

0 Centro das Taipas - Unidade Terapêutica para Toxicopendentes é uma instituição do Ministério da Saúde que funciona em Lisboa na Rua das Taipas, 20, Tel: 36258415, 32715516.

Foi criado em Junho de 1987 de acordo com as seguintes fases:
Abertura da Consulta em 1 de Junho de 1987;
Abertura do Internamento em 10 de Agosto de 1987;
Abertura do Centro de Dia em 17 de Agosto de 1987;
Abertura da Urgência em 1 de Setembro de 1987.

0 Horário das Consultas é o seguinte:
Consultas: 9 ˆs 12 h - 14 às 17 h; seguintes: 9 às 21 h. Serviço de Urgência funciona 24/24 h - sete dias da semana.

0 objectivo do Centro das Taipas é a recuperação de toxicodependentes através de tratamento farmacológico e psicoterapêutico ambulatório; frequência de actividades ocupacionais e pré-profissionais em Centro de Dia; eventual internamento curto para desabituação física (se não for possivel em ambulatório); Unidade de Urgência permanente com Centro de Noite; articulação com Comunidades Terapêuticas.

Assim, para corresponder a este conjunto de questões o Centro das Taipas tem:
• Uma consulta para toxicodependentes;
• Um Centro de Dia destinado aos toxicodependentes em seguimento nesta consulta;
• Uma Urgência para os toxicodependentes em síndroma de privação, em situação de conflito intrapsíquico (depressão grave, psicose sintomática, etc.) ou em conflito sociofamiliar e um Centro de Noite de apoio à Urgência;
• Um Serviço de Internamento curto para desabituação;
• Um serviço de articulacom comunidades terapêuticas.

0 Centro das Taipas recebe, qualquer pessoa com problemas de toxicodependência quer viva ou não na região de Lisboa.
Todos os seus serviços são totalmente gratuitos.



Vários colaboradores continuam a participar de forma sensata e construtiva.
Por isso as memórias são importantes.

Dos contributos já recebidos, do país e do estrangeiro, aqui deixo um excerto da reflexão da Drª isabel Pimentel, Jurista, que após a saída do Dr Carlos Leal, assumiu funções na Equipa do Centro das Taipas.


Encontrei uma equipa jovem e empenhada, onde as opiniões contavam, onde os saberes eram partilhados, tendo como objectivo principal “ Cuidar do Doente”.

O Centro das Taipas (CT) nascera em Junho de 1987(1), pela iniciativa da então ministra da saúde, Dr.ª Leonor Beleza, que o colocou nas mãos de  dois timoneiros visionários, os médicos Dr. Nuno Miguel e Dr. Luís Patrício, oriundos da consulta externa de psiquiatria do hospital de santa Maria, que sabiamente se souberam rodear de outros tantos técnicos competentes.

De início o CT tinha dependência administrativa da ARS de Lisboa, cuja relações nem sempre foram pacíficas, não obstante a preciosa colaboração de alguns dos seus colaboradores.

Entretanto nasceram outros centros - na Cedofeita no Porto e em Faro no Algarve -  cujas relações fraternais e técnicas se alimentaram ao longo dos anos.

Em 1990(2), graças á tenacidade dos dois homens do leme e com estes ao comando, é criado  em regime de instalação o  Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência (SPTT),

Passos importantes foram dados na continuidade do trabalho começado no Centro das Taipas, nomeadamente:

- Implementação de uma rede, umas vezes com a abertura de novos centros,  outras de extensões da consulta externa, a fim de dar respostas de proximidade á população doente;

A continuar...


 das Taipas - Unidade Terapêutica para Toxicopendentes é uma instituição do Ministério da Saúde que funciona em Lisboa na Rua das Taipas, 20, Tel: 36258415, 32715516.

Foi criado em Junho de 1987 de acordo com as seguintes fases:
Abertura da Consulta em 1 de Junho de 1987;
Abertura do Internamento em 10 de Agosto de 1987;
Abertura do Centro de Dia em 17 de Agosto de 1987;
Abertura da Urgência em 1 de Setembro de 1987.

0 Horário das Consultas é o seguinte:
Consultas: 9 ˆs 12 h - 14 às 17 h; seguintes: 9 às 21 h. Serviço de Urgência funciona 24/24 h - sete dias da semana.

0 objectivo do Centro das Taipas é a recuperação de toxicodependentes através de tratamento farmacológico e psicoterapêutico ambulatório; frequência de actividades ocupacionais e pré-profissionais em Centro de Dia; eventual internamento curto para desabituação física (se não for possivel em ambulatório); Unidade de Urgência permanente com Centro de Noite; articulação com Comunidades Terapêuticas.

Assim, para corresponder a este conjunto de questões o Centro das Taipas tem:
• Uma consulta para toxicodependentes;
• Um Centro de Dia destinado aos toxicodependentes em seguimento nesta consulta;
• Uma Urgência para os toxicodependentes em síndroma de privação, em situação de conflito intrapsíquico (depressão grave, psicose sintomática, etc.) ou em conflito sociofamiliar e um Centro de Noite de apoio à Urgência;
• Um Serviço de Internamento curto para desabituação;
• Um serviço de articulacom comunidades terapêuticas.

0 Centro das Taipas recebe, qualquer pessoa com problemas de toxicodependência quer viva ou não na região de Lisboa.
Todos os seus serviços são totalmente gratuitos.

sábado, 12 de maio de 2012

COMPETÊNCIA – 2ª parte


COMPETÊNCIA – 2ª parte

Reconhecimento da competência em Portugal

Competência em Aditologia: precisa-se

Por Luís Duarte Patrício
Medico Psiquiatra, Chefe de Serviço por provas públicas

O futuro já começou
Outrora
Pelo mundo fora, durante muitos anos o tema das drogas não era assunto de saúde. Era um assunto reservado para a Moral. Os serviços de saúde não cuidavam deste tema, nem tão pouco os da saúde mental. Assim aconteceu pelo Mundo, pela Europa e também em Portugal.
Desde os anos sessenta do século passado, o consumo de risco, o consumo abusivo de substâncias aumentou significativamente.
A ciência também evoluiu e a “droga” passou a ser objecto de outra atenção e no âmbito da saúde os serviços tiveram que se adaptar.
Em Portugal, surgiu em 1973 a primeira consulta para Adolescentes e toxicodependentes no Hospital de Santa Maria, Lisboa (Prof Dias Cordeiro). Mais tarde é criada também uma consulta no Porto, no Hospital de São João, (Prof Pacheco Palha).
E em 1977 foram criados os CEPD, Centro de Estudos e Profilaxia da Droga, em Lisboa, Porto e Coimbra estruturas que estiveram muitos anos na tutela do Ministério da Justiça. Estes serviços também prestaram algumas actividades no âmbito da formação de médicos. Recordo em 1986, no CEPD de Lisboa, o pioneiro curso de formação (Prof Domingos Neto), em que também pude colaborar como formador.
Também em Portugal, nos anos 80, foi feito pelo Instituto de Clinica Geral e para os médicos de Clinica Geral, um importante esforço “obrigatório” de actualização em Adolescência e incluindo as Toxicodependências, no qual também foram formadores, médicos do Hospital de Santa Maria, Serviço de Psiquiatria, Equipa da Consulta de Adolescentes e Toxicodependentes, chefiada pelo Dr Nuno Miguel e onde trabalhei até á criação do cCentro das Taipas (1987).
Em 1987, foi criado o primeiro serviço do Ministério da Saúde específico para tratamento de doentes ditos toxicodependentes. Foi o Centro das Taipas em Lisboa. Isto aconteceu há 25 anos.
Ness casa sempre foram bem recebidos profissionais portugueses e estrangeiros, nomeadamente jovens médicos da carreira da especialidade, para fazerem o seu estágio integrado na carreira ou voluntário, reconhecido e clandestino (um dia explicarei essa realidade aos interssados). O importante é que sempre houve esse interesse e colaboração de parte a parte.
No âmbito da formação na Especialidade de Psiquiatria outrora eram muito poucos os médicos internos que frequentavam serviços com intervenção em Aditologia. Se os serviços de Alcoologia eram apesar de tudo mais usados para a formação dos mais jovens, os da “Droga” eram muito menos frequentados.  Apesar de tudo esta separação produzia efeitos... e socialmente segurava clivagens. O álcool nem era droga.
Claro que no âmbito da formação houve excepções em alguns serviços de diversos pontos do país e neste contexto estou muito à vontade por tudo o que foi feito regularmente e durante muitos anos no Centro das Taipas, e que continua ainda a ser feito com os actuais recursos existentes no país.
Mas, há que reconhecer que as assimetrias não garantem a qualidade.
Em Portugal houve estágios de jovens médicos realizados em estruturas de tratamento de doentes dependentes de substâncias, onde não se realizava a apresentação regular e discussão de casos clinicos.

Agora

Mas, apesar de algumas assimetrias existentes na formação, há em Portugal continental e nas regiões autónomas, médicos jovens, psiquiatras, pedopsiquiatras e clínicos gerais, que receberam e são possuidores de alguma ou de bastante formação em Aditologia .
Atentos e observadores, os médicos jovens podem continuar a aprender como agir ou reagir ante o consumismo que submergiu o pensamento e a prática de vida de uma boa parte da sociedade e até alguns dos seus membros, pais, tios e avós.
Será certamente esta nova geração, mantendo uma actualização permanente, quem poderá fazer a diferença no futuro. Muitos destes jovens já estão mais distantes dos mitos, da contra atitude e dos compromissos de gerações anteriores e dos herdeiros dessas formas de pensar.

Muitos jovens médicos internos ficaram a saber mais sobre Aditologia

Internos de Psiquiatria do Norte, na formação realizada por iniciativa do Prof Doutor Manuel Esteves no Serviço de Psiquiatria do Hospital de São João. Foto LP
1. Não dizem drogas, dizem substâncias psicoactivas.

2. Deixaram de dizer álcool, tabaco e droga, para dizerem substâncias psicoactivas legais e ilegais.

3. Deixaram de dizer drogas leves e drogas pesadas para dizerem, estimulantes, perturbadores e sedativos.
4. Deixaram de dizer que o álcool é bom para a saúde a mau para os alcoólicos.

5. Deixaram de dizer que os medicamentos são drogas, para dizerem que são fármacos e que há o bom e mau uso de fármacos.
Formação da APIP, Associação Portuguesa de Médicos Internos de Psiquiatria
Colaboração com a UD Centro das Taipas (Drª Luisa Mendes e Drª Esther Casado).  Foto LP
6. Deixaram de dizer que a metadona é uma droga, ou que a buprenorfina é uma droga, para dizerem que são medicamentos opióides de síntese, para serem bem usados sempre sobre critério médico, podendo assim ser uma excelente ajuda no tratamento de doentes dependentes de heroína e no tratamento de doentes com dor crónica.

7. Passaram a dizer que a metadona é um opióide agonista total dos receptores opióides, e que a buprenorfina é um opióide agonista parcial dos receptores opióides e que a naltexona é um opióide antagonista dos receptores opióides e que o tratamento deve durar enquanto for útil para o doente.

8. Perceberam que a desintoxicação verdadeira afinal só acontece se fisicamente existe uma situação clinica de intoxicação ou sobredose.


9. Perceberam que o acto que tem sido chamado de “desintoxicação”, é afinal o tratamento de uma síndroma de privação e não é a “limpeza da droga com soro”, uma burla que às vezes se anuncia e que ainda se comercializa.

Presidente da APIP, Dr Lucas Manarte. Foto MS
10. Perceberam que a grande maioria dos doentes (mais de 80%) que fazem a “desintoxicação” melhor dizendo a desabituação física, recaem no consumo de abuso antes do período de um ano, e que é obrigatório pensar se para um doente numa situação em concreto, essa proposta de intervenção é de facto a melhor proposta para o tratamento.

11. Perceberam que com muita frequência existe nos consumidores de substâncias outra perturbação psiquiátrica associada ao consumo dessas substâncias, e a outros comportamentos de risco para a saúde.

12. Perceberam que essa outra perturbação associada pode surgir antes, durante ou após os consumos ou a prática de outros comportamentos de risco.

13. Perceberam que se essa psicopatologia não for tratada a recidiva é muito mais frequente e aumenta o desperdício de oportunidades terapêuticas.

14. Perceberam que ninguém pode garantir a cura da patologia aditiva, mas que o tratamento é possível e a ruptura com o consumo também é possível, e que é possível deixar a vivência da dependência e tratar a patologia associada.

15. Perceberam que as teorias são importantes para a compreensão e que o pragmatismo é importante para a acção.
 Internos de Psiquiatria do Norte  participantes na formação da iniciativa da Drª Lucinda Neves. Viana do Castelo 2010. Foto LP
16. Perceberam que o dependente pode viver num equilíbrio instável com o consumo e que muitas vezes é real a ambiguidade do doente em deixar de consumir, e que para o dependente o consumo é um breve reencontro com esse equilíbrio breve e instável.

17. Perceberam que trabalhar em Aditologia não é fácil, até porque estamos diariamente confrontados com algumas frustrações. Mas também perceberam que recebemos o reconhecimento, a recompensa, de muitos doentes e envolventes. O profissional pode e deve valorizar no doente as melhorias, as mudanças para melhor.

18. Perceberam que nunca sabemos tudo, e que por saberem mais sobre esta matéria, e por estarem actualizados, podem incomodar quem saiba menos do que eles e detenha algum outro poder.

19. Perceberam que por ajudarem estes doentes que sofrem de patologia aditiva, podem incomodar quem não gosta destes doentes.

20. Perceberam que nessa área, em Portugal como em muitos outros países, há muita gente que intervém “na droga”, não pela competência que não adquiriram, mas pela nomeação e complacência que lhes foi oferecida.

21. Perceberam que a sociedade do consumismo robotiza os consumidores desprevenidos ou ignorantes, para que consumam mais e mais, e para que pensem cada vez menos no acto de consumir.

22. Perceberam como é despudorado o mau uso de substâncias psicoactivas legais e ilegais, como é grande a ignorância dos consumidores e até de alguns intervenientes sociais.

23. Perceberam quanto é importante ensinar aos cidadãos, que as substâncias psicoactivas não são todas iguais na sua agressividade para o Sistema Nervoso Central.

24. Perceberam quanto é importante ensinar aos cidadãos o álcool é uma substancia estranha para o organismo do ser humano, que é forçado a fazer uma adaptação à sua presença e que o mau de etanol prejudica sempre a saúde.

25. Perceberam quanto é importante ajudar os cidadãos a reconhecer que há consumidores que conseguem manter uma relação com as bebidas com álcool fora do patamar de risco, mas que em Portugal, a maioria dos consumidores, seja por hábito cultural, ou por falta de actualização da informação, ou por ignorância, fazem consumos no patamar do risco.

26. Perceberam quanto é importante informar os cidadãos de que não existe qualquer garantia de efeitos ou de qualidade com o consumo das chamadas “drogas legais”, vendidas em lojas ou por internet e mais acessíveis ao público português desde 2010.


Dr Licínio Santos. Funchal 2012 - Foto de LP

27. Perceberam quanto é importante estar preparado para acolher e tratar doentes consumidores destas substâncias, nomeadamente os que sofrem de graves perturbações psicóticas, que põem em risco a sua segurança e bem-estar e a segurança e bem-estar de outras pessoas.

28. Perceberam que a liberdade do pensamento e que a responsabilidade pela gestão da saúde face ao consumo de substancias,  são bens que o Homem não deve alienar.

29. Perceberam que boa parte dos “males na saúde” não é da responsabilidade dos doentes, nem apenas de políticas desajustadas, mas também de profissionais, nomeadamente de médicos, pelo que fazem, como o fazem e… pelo que não fazem. Há muitos que já sabem bem como fazer e bem feito.

Dr Álvaro Manito, Dr Ivo Soares, Drª Carmina Pais
                                                                                     
                                                                                        Drª Mercês Maciel
Formação para os Centros de Saúde da Madalena, S Roque e Lages do Pico 2007 Foto LP

Funchal 2011 Foto LP

30. Perceberam que é grande a sua responsabilidade médica nos cuidados ao doente. Apesar das invejas, e doa a quem doer, quando estamos doentes, o que mais queremos á a ajuda de um Médico e… por favor que seja competente na matéria. E sempre que tal acontece quem é educado agradece a sugestão: pela ajuda recebida, muito obrigado.

Para amanhã e…

Para valer 

Urge que a Ordem dos Médicos consiga finalmente criar a Competência em Aditologia

Quem procurar nas publicações da Ordem dos Médicos, pode encontrar algumas reflexões de médicos, que exercem a profissão também no âmbito de Aditologia. E essa é uma evidência da sua responsabilidade nesta área.
Ao longo das últimas décadas foram feitas alguns esforços para a criação de uma subespecialidade em Aditologia ou no mínimo o reconhecimento da Competência em Aditologia.

Pessoalmente, fizemos regularmente muitas intervenções de âmbito nacional e internacional promovendo a formação, antes da criação do Centro das Taipas, durante os 25 anos na instituição, e fora dela como aconteceu na Associação Nacional de Intervenientes em Toxicodependência, em T3E, na ERIT, no Europad, ou em outras estruturas.

Muitos dos que colaborámos, temos consciência que partilhámos o saber com muitos profissionais e que também incomodámos alguns. Mas só não incomoda quem não faz…

Alguns tentaram criar a competência em Aditologia, tentámos que isso acontecesse, mas esse objectivo ainda não foi conseguido. Recordo com saudade a actividade em outros tempos, nomeadamente o serão aqui em casa, com o Dr. Luis Gamito e com a Prof Luísa Figueira e outros colegas que então estavam no mesmo caminho.

Em minha opinião é muito importante que a Ordem dos Médicos de Portugal procure criar condições para um debate e entendimento entre médicos, que ultrapasse atitudes reactivas ou até talvez de inveja, comportamentos que apesar de reconhecidamente humanos impedem o reconhecimento e desenvolvimento da competência em Aditologia.

Assim, cada médico que o deseje pode aumentar o conhecimento, garantir e exigir mais qualidade profissional em Aditologia, para melhor servir os doentes e suas famílias.

A Competência aumenta o saber e defende a honra dos médicos praticantes de Medicina.
Estou certo que é este o pensar de três ilustres colegas, responsáveis na nossa Ordem
Prof José Silva,
Ilustre Bastonário a quem cumprimento pela habitual intervenção com elevada dignidade e verticalidade
Prof Marques Teixeira
Presidente do Colégio a quem envio um abraço e um obrigado pelo respeito e amizade que tenho recebido
Dr Jorge Câmara
Colega a quem envio um abraço de gratidão por uma grande amizade e colaboração de mais de 20 anos na prática clinica, desde o Hospital da Santa Maria ao Centro das Taipas. 
No Dr Jorge Câmara quero destacar a enorme competência, elevada seriedade, permanente lealdade e sua grande dignidade. Por tudo isto que é muitíssimo, a minha gratidão. Bem-hajas.

Porque também recebi educação, agradeço a cada leitor ter lido este texto.
Se lhe parecer adequado agradeço que o divulgue.

Bem-haja
Luís Duarte Patrício
Médico inscrito na Ordem dos Médicos
Nº 15 832

: Tenho orgulho em ter trabalhado, desde a década de oitenta com médicos internos da especialidade de Psiquiatria e de Clinica Geral e tenho muita satisfação por continuar a fazê-lo, sempre que surge a oportunidade.
 PS

A nova linguagem, os conceitos contemporâneos em Aditologia também já são reconhecidos naturalmente por muitos dos médicos mais experientes que souberam actualizar-se. Em minha modesta opinião, esse também é um bom caminho, um bom contributo para a necessária melhoria permanente na qualidade dos serviços prestados em Portugal.