segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

JOSÉ GONZALEZ, HOMEM com NORTE, e AMIGO e PROFFISSIONAL e COMPETENTE

JOSÉ GONZALEZ, um HOMEM com Norte


E AMIGO e PROFISSIONAL. E SÉRIO e COMPETENTE

Começo esta homenagem a um amigo, escrevendo de muito longe da nossa terra, de outra terra onde vim celebrar os 40 anos de adictologia de outo amigo o Prof Charles Nicolas (Martinique). É dia 28 de Outubro.


Claro que o dia está marcado pela notícia da partida do Zé Gonzalez.


No passado mês de Abril estivemos juntos na Cedofeita, no “seu” CAT irmão das Taipas. Lá convidado para passar umas horas, na reflexão sobre a actualidade no tratamento com opióides.


Nesse dia tive a sorte de poder almoçar com o Zé e também com o Roque e, porque o tempo não abundava, sintetizando conversámos um pouco sobre tudo o mais que se tem passado nas nossas vidas, na nossa terra e na Europa, até porque vimos de muito longe…


Hoje é dia de tristeza. Partiu um Homem a quem muito devo a amizade que dele recebi, um Homem por quem tenho muita estima, afecto afeição, um profissional honrado, um colega muito respeitador e muito amigo. Daqui abraço a família nomeadamente a filha Raquel e a mulher.


No ano passado, o Zé estava em Lisboa a ajudar na formação, quando as complicações se agravaram. De seguida fui ao hospital dar-lhe um abraço e dizer-lhe que continuava a pedir-lhe ajuda para o ano seguinte, nomeadamente para Madrid.  


Com o Zé tive o privilégio de colaborar na construção e partilha de vários sonhos.


Com o Zé desenvolvemos o nosso modelo de Seminário Residencial Interactivo. Já fizemos largas dezenas destes seminários interactivos. No início foi com a ANIT associação que também ajudou a fazer e a crescer e de que foi um presidente muito activo, e depois por nossa iniciativa, porque, para agrado dos voluntários que aceitam participar, teimamos em não deixar de os fazer. O modelo que construímos tem pois a sua contribuíção.


Com o Zé e outros colegas, propusemos e ajudámos a construir a Declaração de Lisboa, onde delegados de 22 países e de diversas associações de profissionais, assumiram em 1992, a clarificação da toxicodependência como doença, e da pessoa dependente como um doente.


Com o Zé partilhámos e desenvolvemos o sonho da construção de uma Europa social, nomeadamente na partilha e intercâmbio de profissionais que trabalham, que são de facto trabalhadores no terreno em Portugal, na Europa e fora da Europa).


Sem o Zé não tínhamos feito o que fizemos, com as horas dedicadas a estas causas, ANIT, ERIT, T3E, e a tantas outras, dentro e fora do país, sem quaisquer benefícios financeiros, ou mordomias (de pessoas que se crêem importantes), mas por pura militância na construção e partilha.


O Zé fazia-me o favor de me aconselhar em tudo o que eu necessitava ou propunha ou desejava no Norte. Tinha sempre tempo, foi sempre amigo, mesmo quando discordava.


Era vertical. E talvez por isso também foi atropelado, traído, por quem tinha a obrigação, o dever de o respeitar e de estimar sempre e, sei que na sua descrição muito sofreu.


O Zé não praticou a modalidade tão frequentemente em voga de estar esquecido, vendido ou de ser traidor.


Para além do seu trabalho no “seu” maduro CAT da Cedofeita, por razões da sua saúde o Zé limitou as suas participações nos trabalhos não oficiais. Limitou o extra horário de âmbito nacional ou internacional que nos tem sido possível continuar a promover.


Mas sempre o Zé ajudou nessas actividades, e sempre participou até a saúde o permitir.


Há alguns meses disse-me que ainda tinha ponderado apresentar a sua comunicação em Madrid nas Jornadas de Socidrogalcohol, mas por conselho do seu médico, propôs um outro colega, o Dr. José Raio, que muito bem cumpriu com a missão. Foi uma extraordinária mesa redonda. Estiveram lá enchendopor completo a sala 2 muitos colegas  portugueses e muitos outros espanhóis.  A Portugal, a notícia chegou através dos que estiveram presentes e deste blog, para que se saiba.


Após Madrid ficámos os dois a aguardar as melhoras para que o Zé voltasse a participar nas outras iniciativas que se seguiram e nas que ainda estão previstas.


Tínhamos projectos para desenvolver, nomeadamente em Espanha e em Portugal.


Tive a sorte de ter tido o Zé Gonzalez como amigo. E continuarei a ter o Zé como amigo, porque espero nunca o esquecer. O Zé dizia o que tinha a dizer, mas também sabia sofrer em silencio, paciente.


De vez em quando falávamos por telefone, nomeadamente quando lhe pedia conselho sobre a quem enviar um doente, a quem convidar para uma conferência, para um projecto, em Portugal ou fora do país.


O Dr. José Gonzalez ajudou-me muito por isso lhe devo tanto. E também muito devo ao Prof Júlio Machado Vaz, até porque foi quem, há muito anos, no início, me sugeriu a colaboração do Zé Gonzalez: disse-me que com o Zé estaria muitíssimo bem para construir projectos. E foi mesmo verdade. Com o Zé não houve pântano, mas terreno firme, transparente, sólido, honesto, amigo.


Quero realçar que o Zé, enquanto membro da ANIT (1988- 2011), a associação de que também foi fundador, e nomeadamente como seu presidente, sempre teve uma atitude militante, de esforço, de entrega, com reconhecido sacrifício pessoal, nomeadamente depois de contribuirmos para a construção da federação europeia de associações de intervenientes em toxicodependência.


Facultámos, utilizámos, entregámos à causa da formação a partilha fins-de-semana, que diga-se em verdade, tirámos à família.


Com o Zé, então presidente da ANIT (1998), pudemos criar condições para a ida a Bolonha, de quase uma centena de profissionais portugueses, e ainda anteriormente e posteriormente, de largas dezenas a Paris, a Liège, de entre as muitas iniciativas que pudemos ter.


Com o Zé Gonzalez e colaboradores, Portugal teve no seu Porto, na Alfandega, em Fevereiro de 2000 a Conferencia Europeia da Federação Europeia de Associações de Profissionais Intervenientes em Toxicodependência, ERIT, um encontro europeu construído sem vaidades de poder ainda cheio de boas vontades e militância, com cerca de 1300 participantes vindos de 23 países se a memória não me engana.


Foi um momento muito alto e foi de seguida que percebemos que causou muitas invejas e o início de clivagens não assumidas.


Digamos que desde então foi o lento declínio, que terminou com anos de agonia duma ANIT que foi muito digna e solidária. Como ouvi no Porto a ANIT foi sendo deixada até perder o sentido, do que incomoda por fazer e existir. O norte recusou ser cangalheiro da ANIT.


Contrariamente a momentos menos dignos que temos vivido nos últimos anos, anos de partilha de poderes e de criação de resistências e clivagens, os anos anteriores foram anos em que se expressava muito ânimo na construção de partilha do saber entre profissionais, de muita amizade e de verdadeira solidariedade nessa partilha.


O Zé partiu, mas o Zé ficou. Para quem acredita, Deus á grande e sabe o que ele fez e merece.


A nossa estima, amizade e gratidão estão garantidas e aqui deixo uma modesta homenagem com alguns dos seus retratos, para alem do abraço dos colegas estrangeiros que dele bem se recordam, apesar da sua descrição.


Bem hajas Zé Gonzalez. Até lá


Abraço do teu amigo e colega Luís Patrício


Nota bem: gradualmente irei colocando mais fotos e legendas nas fotografias. As fotos são nossas e do Manuel Seoane, e do Afonso Alves e do Luis Paixoto e do Rui Gonçalinho


















quinta-feira, 24 de novembro de 2011

É MESMO VERDADE: A farsa dos fertilizantes


É MESMO VERDADE : A farsa dos fertilizantes

 Regularmente são criadas, sintetizadas, novas substancias. Algumas são usadas como droga
e outras como medicamento.

 2007. Em 2007 foi identificado na Europa o comércio de mefedrona, um derivado anfetaminico, psicostimulante candidamente publicitado como fertilizante.

2010. Em 2010 o Observatório Europeu, OEDT, sediado em Lisboa, informou que fora feita a avaliação formal dos riscos desta substancia de síntese.

 Alguns países do norte da Europa proibiram a sua comercialização. Uma atitude de prudência, tal como deve acontece em nossas casas e “na nossa cabeça”: quando não conhecemos algo que vem de fora e que suscita duvidas, não aceitamos que circule nem consumimos.

Mas quem respeita menos a saúde faz de conta, quem for laxista deixa consumir, faz experiências… e depois se verá.

 2010/2011. A publicidade directa e indirecta fez aumentar o consumo de novas (e velhas) substâncias em Portugal. Até já vinha acontecendo há uns anos... E entre os mais jovens dos jovens é uma evidência. Ao aumento da oferta corresponde o aumento do consumo. Há locais onde o consumo de mefedrona se tornou numa grave preocupação para a saúde dos consumidores e para os profissionais de saúde. Em Setembro passado pude abordar este tema, a pedido de profissionais de saúde em Almada e mais recentemente o mesmo aconteceu no Funchal.

 No programa Antena 1, Causas Publicas, Dependências, das quartas-feiras, também abordei este assunto.

 Quem quer saber, sabe o que o consumo de mefedrona tem feito aos consumidores que procuram ajuda nos serviços de urgência ou que para lá são levados, em situações de grave desorganização mental, desorganização psicótica.

 Qualquer substancia medicamentosa é estudada, avaliada antes de poder ser comercializada.

 Qualquer substancia comercializada é regulamentada. Importa desmontar a farsa, o embuste e assumir as responsabilidades e informar adequadamente.

 São inúmeras as substâncias psicoactivas já conhecidas, naturais ou sintetizadas, legais ou ilegais, antigas ou modernas. Muitas mais irão aparecer. Mas droga é a atitude de as usar para fazer danos à saúde individual, familiar e social. Droga também é a ignorância.

Exija-se o cumprimento das regras, para defesa da saúde. Acabe-se com a farsa porque a saúde (física e psíquica) piora quando se faz de conta de que nada se passa.

 Esteja atento… pela sua saúde e dos seus familiares, e pela saúde de amigos e vizinhos…

 Alguém quer enganar alguém. Não se deixe enganar.

 Luís Duarte Patrício

sábado, 10 de setembro de 2011

       ÁLCOOL ou ETANOL


Uma substância neurotóxica, muito integrada na nossa cultura
e muito bem promovida comercialmente

É
uma substância psicoactiva muito fomentada na sociedade de consumo.

É possível fazer bom uso de álcool com determinadas condições.

O
 mau uso de bebidas com álcool é socialmente bastante tolerado e a promoção do mau uso é evidente para quem tem suficiente capacidade e liberdade para ver.

R
aramente encontramos pessoas que foram ensinadas a consumir bebidas com álcool fora do patamar de risco.

É pouco frequente encontrar profissionais preparados para ajudar a compreender a relação de menor risco que se pode ter com as bebidas com álcool.

É por demais evidente a carência de conhecimento adequado no consumidor de álcool e a carência de saber nos restantes membros da nossa comunidade.
 



Beber menos álcool é possível

Para quem quer consumir menos álcool

 Se desejar continuar, para ler mais informação, visite o blog da
                                      Mala da Prevenção           http://maladaprevencao.blogspot.com/

quinta-feira, 23 de junho de 2011

DROGA?…Afinal não há a droga. Mas há comportamentos de risco que são uma droga de atitude

DROGA?… A PSICOPATOLOGIA está DESTAPADA e está RECONHECIDA
E agora? … Assumam (-se) as responsabilidades meus senhores
Por Luís Duarte Patrício, Médico Psiquiatra, Chefe de Serviço

Continuo a constatar que o que está relacionado com a palavra droga é inquietante para a saúde e bem-estar de muitas pessoas de todas as idades.
Mas o que ainda piora a situação é a ignorância sobre este assunto que ainda existe em muitas pessoas. Á ignorância corresponde a falta de orientação necessária para resolver situações de sofrimento que ocorrem todos os dias.
Constatam-se grandes mudanças na área da saúde mental, evidenciadas na Droga que está a deixar de ser o desprestígio da droga, As grandes mudanças estão nas dependências patológicas que deixaram de ser vício, estão nas doenças do cérebro, na patologia aditiva e na comorbilidade psiquiátrica e nas patologias orgânicas associadas.
Marmottan, o hospital Parisiense, Centre Medical Marmottan, pioneiro, referência, resistiu. Celebra agora os 40 anos. Fez escola. Aguentou as invejas, a maldade que se revela por vezes na dimensão mesquinha do ser humano. Mas sobretudo, sabendo reconhecer os equívocos. soube fazer valer a solidariedade para com os doentes e para com os profissionais.
Temos o orgulho de merecer a estima e a amizade de muitos profissionais que por lá passaram e lá trabalham. Lembro o Prof. Claude Olievenstein que já nos deixou, homem perseguido até porque pensava, e lembro o Prof. Charles Nicolas, que no próximo Outono celebra na Martinica os seus 40 anos de profissional em Adictologia.
Passados 40 anos a droga desmitificada está realmente posta a nu: o espectáculo é para artistas, o tratamento para profissionais de saúde.
Agora, por este mundo dito mais evoluído, e mesmo até entre nós, a Droga já está destapada. Já não é um vício que vem de fora. Dizendo de outra forma, para muitos o tabaco já é droga e o álcool também é droga.
Que ninguém se escandalize. Muito mais importante que a caricata estratégia da concentração de atenções nas substâncias, rotuladas de droga, e que insistem em tirar a droga, num acordar livre de drogas, muito mais importante repito, é reconhecer que a droga está destapada.

Quem foi ensinado, quem estudou para saber ver, pode já não ter vergonha de reconhecer o que encontra. E seriamente pode dizer o que vê, por onde anda, em todos os meios sociais: uso, mau uso e abuso de substâncias psicoactivas (legalizadas e ilegalizadas) e de outros comportamentos de risco para a saúde.
Com a psicopatologia reconhecida pela ciência e cada vez mais destapada, posta em evidência, o que é que fica para a Droga e para o “combate à toxicodependência”?
Porventura fica a inteligência e a coragem da humildade em reconhecer que os métodos, os objectivos e as respostas terão que ser revistos. A doença surge, instala-se e alastra, se a prevenção não atinge plenamente os objectivos.
Quando cada cidadão, mesmo que não seja especialista em Prevenção, desejar seriamente que a PREVENÇÃO resulte, no âmbito em que melhor resultado pode conseguir, isto é, ao nível local, no seu íntimo, fará a promoção e defesa da saúde começando em si mesmo. A isto chama-se EDUCAÇÂO.  Mas havendo falta de educação…
Droga é a ignorância, porque é disso que se trata.
E continuo  defender que educar é prevenir.
Ensinar a fazer frente às misérias, incluindo a miséria da ignorância, fazer crítica à agressividade do consumismo, é robustecer quem está a crescer num mundo que está a ficar poluído e pantanoso como nunca.
Há que ter a coragem de olhar e ver. Não é fácil avançar, mas há que procurar avançar. Em Portugal, tal como em Espanha, continua a não haver Prevenção como uma especialidade: não há uma licenciatura, um curso formal ou diferenciado em Prevenção. Sejamos claros: se não há especialidade não há especialistas.
Não somos todos iguais, mas mesmo diferentes podemos ser todos educados para a responsabilidade.
Seja previamente aos comportamentos de risco, isto é comportamentos de perigo para a saúde (individual, familiar e social),  seja concomitantemente com os comportamentos de risco para a saúde ou seja após o aparecimento de sequelas provocadas por comportamentos de risco, constata-se que o mundo psíquico de cada pessoa atribui valor ao... risco. Se estar vivo é um risco, não pensar é um risco acrescido. E recusar pensar é egoísmo ou até...cobardia.
Adictologia -  Aditologia
 Ramo da Psiquiatria ou das Ciências do Comportamento

Estudo das adições, dependências patológicas
            - psíquicas e ou físicas
            - de substâncias psicoactivas
            - de comportamentos

Adito ou adicto?
          adito a substância(s)
          adito a comportamento(s) de risco

In MALA da PREVENÇÃO© Dr.Luís Patrício
Prevenção do mau uso e do abuso de substâncias psicoactivas e de atitudes e comportamentos de risco

Patologia Dual e Comportamentos Aditivos UNIDADE DE ADICTOLOGIA


DEPENDÊNCIAS PATOLÓGICAS

PARA MELHOR
 COMPREENDER E INTERVIR


UNIDADE DE ADICTOLOGIA
Casa de Saúde de Carnaxide
TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIAS PATOLÓGICAS
Abuso e dependências de substâncias / droga
Abuso e dependências sem substâncias
E DE OUTRAS DOENÇAS NERVOSAS ASSOCIADAS

Por Dr. Luís Duarte Patrício


Consumo e sofrimento com substâncias/droga
DROGA e DEPENDENCIA, são palavras que uma pessoa associa facilmente a inquietação e sofrimento.
Na verdade, actualmente, tudo o que está relacionado com a palavra droga é inquietante para a saúde e bem-estar de muitas pessoas de todas as idades.
Mas o que ainda piora a situação é a ignorância sobre este assunto que ainda existe em muitas pessoas. Á ignorância corresponde a falta de orientação necessária para resolver situações de sofrimento que ocorrem todos os dias.
Há muitas pessoas, jovens e menos jovens, que se iniciam no consumo de mau uso e de abuso de substâncias psicoactivas, vulgarmente conhecidas por droga.
Os diversos motivos para fazer esse consumo podem ir desde a curiosidade até ao consumo como tentativa de aliviar algum sofrimento.

Muitas dessas pessoas nunca desejaram vir a sofrer por causa desses consumos de mau uso e abuso de substâncias.
Muitas nunca pensaram ficar dependentes dessa substância.

Também há muitos doentes que sofrem de patologia mental, e que fazem consumos de mau uso e de abuso de substâncias psicoactivas. Alguns sem o desejarem desenvolvem situações de dependência de substâncias de abuso, legais ou ilegais.

Sofrimento com substâncias/droga
O sofrimento pode ocorrer em quem consome.
O sofrimento pode ser provocado por indesejáveis efeitos do consumo das substâncias ou dos produtos de corte, nomeadamente:
·  sobredose, intoxicação
·  efeitos secundários sobre algum órgão ou sistema
·  reacções inesperadas, etc.

Mas na realidade com frequência surgem outros sinais e sintomas que evidenciam o sofrimento.
Não são raras as
·  Perturbações da ansiedade
·  Perturbações do humor
·  Perturbações da percepção da realidade.

Mas também ocorre sofrimento quando a pessoa dependente, está em carência de consumo, quando está em privação aguda, situação conhecida por ressaca.
O sofrimento que acompanha estes doentes é muitas vezes a principal razão da recaída em mais consumos que danificam a saúde.

Negar o que se passa, o sofrimento
Fazer de conta que tudo está bem, é apenas mais um engano.
Há e haverá sempre quem faça de conta que tudo está bem, mas essa atitude apenas permite que a doença avance.
E sempre que a doença avança, a situação piora perdendo o doente a auto estima e o crédito de quem o possa ajudar.

Quem está fragilizado precisa de apoio e um engano é sempre uma violência acrescida.
As pessoas têm que compreender que muitas vezes o consumo de uma substância, legal ou ilegal, não é mais do que uma atitude de auto medicação, mais uma tentativa de (falso) tratamento de um sofrimento não clarificado.

Compreender para evitar o equívoco
Na prática clínica é frequente estarmos com pessoas doentes que apresentam sintomas que evidenciam o sofrimento, mas sem evidenciar as causas mais profundas desse sofrimento.
Assim acontece por vezes quando existe sofrimento psicológico, que testemunha a falta de bem-estar e de saúde mental.
E perante esse sofrimento, a pessoa está doente, está numa condição de maior fragilidade. Nessa condição pode ter mais dificuldade em fazer boas opções.
Por isso há quem procure “qualquer coisa” que ajude, ou uma resposta mais acessível, imaginando que tenha eficácia, pelo menos no imediato.
Quantas vezes o doente fez internamentos para tratamento de desintoxicação sem que tivesse sido tratada a patologia de fundo?
Quantas vezes essa patologia não foi ou não pôde ser diagnosticada?
Infelizmente o equívoco ou até o engano ainda é muito frequente.
Os profissionais e os serviços têm que estar preparados para responder à patologia associada.
Respostas para tratamento
Durante muitos anos o tratamento a que alguns chamam de “clássico”, procurou, por diversos meios, mais elaborados ou menos elaborados, retirar a “droga” do doente ou retirar o doente da “droga.”
As recaídas eram muito frequentes e por muitos tidas como inevitáveis.
Para fazer face a situações difíceis, não há soluções fáceis.
Muitos doentes e seus familiares já perceberam que a boa vontade não chega.
Muitos já perceberam que o facilitismo, as desintoxicações avulsas, que as promessas fáceis um engano.
Ninguém pode garantir resultados antes de qualquer intervenção.
A ética face ao tratamento em adictologia tem merecido a atenção dos profissionais.
É patente que existe preocupação em anular os abusos por vezes escandalosos, verificados em vários países europeus.
O panorama está a mudar na Europa.



Respostas actuais em adictologia e saúde mental
Cada vez mais os médicos psiquiatras assumem com responsabilidade e competência a sua intervenção em adictologia.
Cada vez mais os médicos psiquiatras manifestam a sua preocupação e interesse em compreender que, por detrás dos consumos se pode encontrar algumas das razões dessas recaídas.
Cada vez mais os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos psiquiatras procuram ajudar o doente, muito para além do tratamento do sintoma consumo / mau uso de substância/droga.
Na verdade muitos destes consumidores de substâncias psicoactivas, também sofrem de alguma outra(s) patologia(s) da área da saúde mental.
Neste âmbito, algumas patologias merecem destaque, nomeadamente:
·         Perturbações da ansiedade
·         Perturbações do humor
·         Perturbações da percepção da realidade
·         Perturbações da personalidade

Esta é a realidade clínica que cada vez se constata em Saúde Mental.


Tratar uma pessoa, para além do sintoma
Muitas vezes o profissional e a família do doente olham apenas para o facto de o doente ter consumido ou de não ter consumido, sem avaliarem nem valorizarem o sofrimento que existe por detrás do consumo.
Em muitas situações de dependência patológica é necessário criar um espaço, um tempo, após a suspensão dos comportamentos de abuso.
É neste espaço que se pode revelar outra psicopatologia que também importa tratar e que está na origem de recaídas.
Também nestes casos de comorbilidade o tempo de abstinência é um bom aliado do doente e da sua família.
Para responder às necessidades destes doentes, nos países mais diferenciados, tem sido criadas sociedades científicas que aprofundam o estudo destas situações.
O panorama está a mudar na Europa.
Na procura da melhoria da qualidade de cuidados, e da excelência de tratamento, têm sido criadas unidades diferenciadas para situações de sofrimento psíquico de comorbilidade psiquiátrica, conhecido por Patología Dual.
Este conceito abrange situações clínicas em que estão associadas perturbações por uso de substâncias sicoactivas/droga, outras condutas aditivas e outras perturbações mentais.

Unidade de Adictologia
Unidade de Adictologia e Patologia Dual
Procurando preencher uma lacuna existente em Portugal surge a Unidade de Adictologia e Patologia Dual, na Casa de Saúde de Carnaxide.
A profissionalização de respostas clínicas, baseadas em evidências técnicas e científicas actualizadas, é a resposta que melhores resultados pode alcançar perante as situações difíceis.
A avaliação ponderada poderá garantir uma intervenção com cuidados de qualidade a prestar ao doente, à sua família ou envolventes.
Para uma patologia complexa oferece-se tratamento de excelência
Este projecto específico pretende:
·         Diagnosticar e tratar o sofrimento relacionado com o mau uso e abuso de substâncias psicoactivas e com outros comportamentos de risco
·         Diagnosticar e tratar o sofrimento relacionado com as doenças nervosas associadas
·         Criar um tempo de recuperação e de procura de mudanças que permitam reforçar no doente as suas capacidades para a autonomia.


Patologia dual
Para uma patologia complexa exige-se tratamento de excelência
O tratamento de doentes com patologia dual exige a aplicação de estratégias integradas com respostas integradas:
·         No âmbito das farmacoterapias
·         No âmbito das psicoterapias
·         No âmbito da socioterapia

Neste projecto terapêutico coloca-se a cada doente e a seus familiares o estímulo para:
·         Aumentar a compreensão da situação
·         Melhorar a qualidade do tratamento da(s) doença(s)
·         Aumento do conhecimento
·         Incrementar a responsabilidade na autonomia.
Neste projecto é proposto ao doente o tratamento adaptado às suas necessidades clínicas.


Unidade de Adictologia
Este projecto abrange a possibilidade de tratamento em regime de internamento médico, residencial, seguido de tratamento regular em regime ambulatório.

Esta unidade inovadora em Portugal pretende:
·         Tratar o sofrimento associado aos consumos nocivos para a saúde
·         Tratar outros comportamentos adictivos
·         Tratar outras perturbações psiquiátricas associadas
·         Tratar outra(s) patologia(s) associada(s)
·         Estimular o doente e a sua família a cuidar das situações que conduzem à recaída ou provocam a recidiva.
Neste projecto o doente sabe e conhece quem dele se ocupa.
Segredo médico, é uma garantia deste projecto de reencontro com a liberdade.
Se a sobre estima de si mesmo acompanha muitos consumidores de substâncias psicoactivas que se consideram toxico-independentes, a perda de auto estima acompanha frequentemente as pessoas com problemas de dependência/adição, toxicodependentes.
O respeito pela pessoa em dificuldades na procura da sua autonomia, é reforçado pelo sigilo, que é valorizado.

Responsabilidade e liberdade
Reencontrar a liberdade com responsabilidade é a evidência do sucesso terapêutico.

Equipa da UNIDADE DE ADICTOLOGIA
Uma equipa multidisciplinar com intervenções terapêuticas no âmbito de Psiquiatria, Psicologia, Medicina interna, Infecciologia, Fisioterapia, Psicomotricidade, Terapia Ocupacional, Intervenção Terapêutica Individual e em Grupo, Psicodrama, Treino de competências psicossociais.  

Coordenador de Projecto e Director

 Dr. Luís D. Patrício
Médico psiquiatra, Chefe de Serviço


PARA MELHOR COMPREENDER E MELHOR INTERVIR