quarta-feira, 27 de março de 2019

ÁCIDOS "SELOS" PSICODISLEPTICOS E "VIAGENS"


PSICODISLÉPTICOS E "VIAGENS"
Luís Duarte Patrício
Médico Psiquiatra
Chefe de Serviço
Equipa de Adictologia e Patologia Dual
Clínica da Luz - Psiquiatria
Carnide - Lisboa


A propósito do artigo da Jornalista Raquel Lito, publicado em 21 de Fevereiro de 2019 na Revista Sábado, com o devido acordo aqui publico a totalidade do meu contributo

Aqui pode ler todas as respostas e ver algumas fotos enviadas.
 .
Enviado também um texto sobre a retoma sobre o interesse terapêutico do LSD

Espero que as respostas sejam úteis.



RL -  Quais as principais lesões que ambos apresentaram devido ao consumo dos ácidos em “selos”?

LP - As substâncias psicodislépticas, psicadélicas ou psicoticomiméticas provocam alterações no funcionamento do cérebro, e os ácidos, o LSD, provoca significativas alterações nomeadamente na percepção e no estado de consciência.
Da minha prática clínica os pedidos de ajuda na sequência de uso de ácidos estão muito relacionados com más viagens, situações de angústia intensa, vivências depressivas após o consumo e com perturbações psicóticas.

Os consumidores referem que o consumo de ácidos é mais comum na forma de selos, mas também há quem use em gotas ou em pequenos comprimidos, etc.

Também conheci quem tenha consumido por engano (ou sendo enganado) e tenha ficado “a tripar”, alucinado (perturbado) por ter “metido um ácido”, embora estivesse na expectativa de ficar “com speed” (acelerado) por pensar “ter metido speed” (anfetamínico). Expectativas goradas, o que pode provocar riscos acrescidos.

É comum a muitos consumidores, misturarem substâncias psicoactivas legais (conhecidas) e substâncias ilegais que não sabem ao certo o que são e que, sendo ilegais não têm garantia de qualidade.
 Conheço quem consumiu ácidos, ocasionalmente ou até com regularidade em policonsumo. E conheço quem adoeceu com o consumo ocasional ou até regular, mas não conheço dependentes de ácidos.


RL - Quando é que o Dr. começou a receber os primeiros casos de consumidores de “selos”?

LP - Nos anos 80 o consumo de ácidos era pouco frequente. Na década de 90 foi-se tornando um pouco mais frequente e neste século tem gradualmente aumentado. Ouvindo o que nos dizem os consumidores e os que adoecem, na última década tem sido cada vez mais comum encontrar substâncias sintéticas, incluindo naturalmente ácidos, seja em muitas festas urbanas ou em meio rural, e em festivais. E até mesmo na noite e nos after, é muito mais comum do que muita gente pensa. Claro que álcool, canábis, cocaína, md, são muito mais comuns, mas não faltam ácidos.  Oiça em 2´57´´ https://www.facebook.com/watch/?v=1600101200287299
Video Portugal Droga de Verdade Salões de consumos Testemunho...
PORTUGAL E AS DROGAS – 1- Salões de consumos
Quem fala mais verdades sobre drogas? Doentes ou dirigentes?
Nem sempre e nem todos os doentes mentem.
A partilha deste texto/vídeo (2´57``) pode contribuir para mudanças necessárias, pela seriedade que se exige em oposição a alguma publicidade ou corrente “maquilhada” ou enganosa, e para o bem da nossa Saúde.
Reconheço que, desde há largos anos, o que é divulgado, o que se lê e ouve na Media complacente ou alinhada, não corresponde ao que temos visto e ao que nos diz quem sofre, os doentes e seus familiares. E até ao que ouvimos de profissionais de saúde e do ensino, que trabalham no terreno.
Nas realidades que conheço, nas áreas da Prevenção / Educação, Tratamento, Redução de Riscos e Recuperação, e da Formação/actualização, manifestamente tem havido retrocesso desde há mais de 10 anos. Há enormes disparidades entre o que se diz que se faz e o que acontece.
Por exemplo, quem frequenta certos festivais ou certos locais da “noite” e / ou "after”, reconhece verdades neste vídeo.

RL - Tem registado um aumento? Se sim, desde quando?

LP - Muito evidente, claramente desde o início deste século com nacionais e estrangeiros. Há estrangeiros que vêm em grupos, fazer temporadas, e há quem, organizado, para além do equipamento de som e estruturas, venha também com equipa /equipamento de redução de riscos.

As festas onde se consome som, e onde aparecem e se consomem também substâncias sintéticas disponibilizadas (e de qualidade não conhecida pelos consumidores), acontecem pelo país, em armazéns, tendas, espaço aberto, sejam festas legalizadas ou não sejam legalizadas.
Há concelhos onde acontecem com regularidade.

RL - Qual a prevalência de idades dos consumidores? E onde consomem? Como acedem a estas substâncias?

LP - As pessoas que conheço e que consomem, jovens em fim da adolescência, jovens adultos e adultos, para além da noite /after e festivais comerciais, frequentam festas não legais, por onde acontecem. Conheço quem frequenta, quem ajuda a que aconteçam, festas com poucas centenas de pessoas ou com largas centenas de pessoas, sem muitas condições de higiene ou com melhores condições, com muito bom som ou nem tanto assim, debaixo de um viaduto ou em campo aberto, por largas horas ou pelas largas horas de um fim de semana, apenas descansando um pouco no carro para prosseguir na festa.

Quem quer, pelas redes sociais chega onde quer. Se nada falta ou há quase de tudo, apesar de riscos para a saúde, não são comuns as equipas de redução de riscos.
Também neste âmbito há muito para fazer.

Há também quem vá fora de Portugal para participar em grandes festas.


RL - Pode relatar o caso da mãe que lhe mostrou os selos consumidos pelo filho (Quando aconteceu? Que idade tinha o filho? Que disse o Dr. à mãe)?

LP - Há 5 anos, uma mãe residente numa ilha, falou-me muito preocupada, por ter recebido um envelope enviado de Lisboa por correio e dirigido ao filho. Desconfiada e angustiada decidiu abrir e violando a correspondência viu uns bonecos, selos. O filho tinha 22 anos e já trabalhava. Sugeri que revelasse ao filho o que tinha feito por estar muito angustiada, deixando recado para que me contactasse.


RL - Pode enviar-me fotos de micro selos?


Em 1991, em Os Profissionais de Saúde e a Droga, escrevi sobre Alucinogénios (pág. 59 e 60 e 95 e 96).
E em 2014, em Políticas e Dependências também escrevi as páginas que aqui lhe envio. E também envio as fotos de 50 selos para o sofrimento de uma mãe.
 
- Posso usar esta imagem (em anexo) que o Dr. publicou no Facebook?

O original não é meu. É uma montagem que fiz a partir do post no Caarud Republique de James Beaurepaire


Un peu de réduction des risques liées à la conso de
#lsd #buvard #trip
Attention au risque de bad trip très important avec ce produit, toujours bien se renseigner avant de consommer, attendre les effets (jusqu'à 5 ans) et toujours fractionner les doses en commençant par un quart ou un demi 
#trump #rdr #badtrip



 A imagem que coloquei no facebook tem imprecisão sobre o nome do autor que publicou, é James Beaurepaire do
Caarud Republique   e eu errei ao publicar Caarud Beaurepaire. 
Será mais prudente não usar para não potenciar o erro, embora possa usar o texto que escrevi/adaptei

Lvro de 1995, onde escrevi nomes de ácidos, panteras, dragões, etc.



Mala da Prevenção DrLuis Patricio psimedicina@gmail.com

18/03/2019, 03:16 (há 9 dias)
para Raquel

La résurrection de la recherche médicale sur le LSD

Après s’être brutalement arrêtées avec l’interdiction du LSD à la fin des années 1960, des études sur les substances psychédéliques recommencent en Suisse, en Grande-Bretagne, mais pas (encore) en France.
Par Luc Vinogradoff Publié le 18 novembre 2018 à 15h00 - Mis à jour le 18 novembre 2018 à 15h51
Temps deLecture 5 min.
Article réservé aux abonnés
Dans les années 1950, le psychiatre britannique Humphry Osmond (1917-2004) et l’écrivain Aldous Huxley (1894-1963) étaient à la recherche du mot juste pour décrire les substances – le LSD, la mescaline, la psilocybine – qui altèrent la réalité et dont ils étaient à la fois consommateurs et théoriciens. Un mélange des mots grecs psyche et delos sera inventé par Osmond : « psychédélique », ce qui rend l’âme visible.
Le psychiatre fut un des pionniers de l’utilisation thérapeutique du LSD. Il créa en 1953, au Canada, un programme pour aider les alcooliques. En leur administrant une unique et forte dose de LSD, il espérait que la psychose artificielle passagère qui en résulterait, proche du delirium tremens dont souffrent les alcooliques, les pousserait à arrêter. Jusqu’à la fin des années 1960, il traitera près de deux mille patients. Un an après leur thérapie, 40 % à 45 % d’entre eux n’avaient plus rebu, un taux colossal.
Ce fut loin d’être le seul chercheur à mener des essais cliniques avec du LSD à cette époque. Le LSD était alors un médicament légal. Il suffisait de passer commande au laboratoire suisse Sandoz, qui l’avait breveté, pour recevoir gratuitement des cachets de Delysid, leur médicament à base de LSD. Entre 1950 et 1965, près de quarante mille personnes souffrant d’alcoolisme, de dépression profonde, de toxicomanie, de schizophrénie ou d’autisme se voient prescrire une forme ou une autre de LSD.
Près de mille études sont publiées et, même si certaines sont entachées d’une maigre rigueur scientifique, les résultats, comme ceux du Dr Osmond, sont souvent encourageants. Le psychiatre suisse Franz Vollenweider parlera « d’effets thérapeutiques prometteurs » sur tous ces patients, dans une étude parue en 2010.

Du 

Bertrand Lebeau Leibovici23 de novembro às 18:05 · 

Je me trouve en excellente compagnie avec Zoé Dubus et Vincent Verroust dans un article du Monde en ligne sur le retour des psychédéliques en médecine :
La résurrection de la recherche médicale sur le LSD
Après s’être brutalement arrêtées avec l’interdiction du LSD à la fin des années 1960, des études sur les substances psychédéliques recommencent en Suisse, en Grande-Bretagne, mais pas (encore) en France.
18.11.2018 à 15h00 • Mis à jour le 18.11.2018 à 15h52
Par Luc Vinogradoff
Dans les années 1950, le psychiatre britannique Humphry Osmond (1917-2004) et l’écrivain Aldous Huxley (1894-1963) étaient à la recherche du mot juste pour décrire les substances – le LSD, la mescaline, la psilocybine – qui altèrent la réalité et dont ils étaient à la fois consommateurs et théoriciens. Un mélange des mots grecs psyche et delos sera inventé par Osmond : « psychédélique », ce qui rend l’âme visible.
Le psychiatre fut un des pionniers de l’utilisation thérapeutique du LSD. Il créa en 1953, au Canada, un programme pour aider les alcooliques. En leur administrant une unique et forte dose de LSD, il espérait que la psychose artificielle passagère qui en résulterait, proche du delirium tremens dont souffrent les alcooliques, les pousserait à arrêter. Jusqu’à la fin des années 1960, il traitera près de deux mille patients. Un an après leur thérapie, 40 % à 45 % d’entre eux n’avaient plus rebu, un taux colossal.
Ce fut loin d’être le seul chercheur à mener des essais cliniques avec du LSD à cette époque. Le LSD était alors un médicament légal. Il suffisait de passer commande au laboratoire suisse Sandoz, qui l’avait breveté, pour recevoir gratuitement des cachets de Delysid, leur médicament à base de LSD. Entre 1950 et 1965, près de quarante mille personnes souffrant d’alcoolisme, de dépression profonde, de toxicomanie, de schizophrénie ou d’autisme se voient prescrire une forme ou une autre de LSD.
Près de mille études sont publiées et, même si certaines sont entachées d’une maigre rigueur scientifique, les résultats, comme ceux du Dr Osmond, sont souvent encourageants. Le psychiatre suisse Franz Vollenweider parlera « d’effets thérapeutiques prometteurs » sur tous ces patients, dans une étude parue en 2010.
Du cabinet médical à la rue
Ces « effets thérapeutiques » ne convaincront pas les responsables politiques de l’époque, après que le LSD échappera au corps médical pour inonder les rues des Etats-Unis. Même un ardent défenseur comme Osmond rappelait sans cesse que les psychédéliques étaient « des substances dangereuses qui doivent être traitées avec respect ». Mais l’époque était contestataire, et un autre psychiatre converti au psychédélisme avait plus d’écho : Timothy Leary, qui distribuait des cachets de LSD à ses étudiants d’Harvard sans aucune supervision et appelait toute une génération à rejeter la société.
Le LSD alimentera la prise de conscience de la naissante contre-culture américaine, inspirera des œuvres incroyables à des artistes, écrivains et musiciens, mais sera aussi usé et abusé, hors de tout contrôle médical. Les travaux scientifiques finiront par être conjointement discrédités par le zèle politique et les excès du Summer of Love.
En quelques années, le LSD passera du statut de médicament au potentiel intriguant à celui de stupéfiant. Interdit progressivement dans les pays occidentaux sous l’impulsion américaine, il finira classé en 1971 par l’ONU, avec la psilocybine et la mescaline, comme substance n’ayant aucune valeur thérapeutique.
Absence et renaissance
S’en sont suivis quarante ans durant lesquels les recherches médicales psychédéliques ont tout simplement disparu. Leur classification comme stupéfiants n’empêchait théoriquement pas leur utilisation dans un cadre médical, mais les autorisations administratives étaient si compliquées à obtenir et le financement d’essais cliniques si prohibitifs que presque aucun chercheur ne s’y est aventuré.
« De 1966 à 2006, en dehors de quelques équipes qui ont maintenu vivante l’idée que les psychédéliques pouvait avoir un intérêt thérapeutique parfois considérable, tout s’arrête », résume Bertrand Lebeau-Leibovici, addictologue à l’hôpital Saint-Antoine, à Paris.
Toute la recherche issue de la période 1950-1966 est oubliée, quand elle n’est pas purement discréditée. « Depuis les années 1970, on a assisté à une disqualification du LSD en tant que médicament au sein de la communauté scientifique, qui ne le considère que comme un stupéfiant, explique Zoë Dubus, doctorante en histoire, spécialiste de l’usage médical des psychotropes. La couverture médiatique sur les supposés effets négatifs du LSD hors du cadre médical contribue aussi au déclin de l’intérêt scientifique. Tout cela empêche la reprise des études. »
Le retour de ces substances dans le champ de la psychiatrie, des neurosciences et de la psychopharmacologie, ce que certains chercheurs appellent « la deuxième vague de recherche psychédélique », s’amorce au début des années 2000, porté par ces « quelques équipes » travaillant en Suisse, en Grande-Bretagne et aux Etats-Unis et financées par trois associations privées qui militent pour la légalisation des psychédéliques et hallucinogènes à usage thérapeutique : la Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies (MAPS), le Heffter Research Institute et la Beckley Foundation.
Parmi les études modernes les plus importantes
LSD et fin de vie. Le psychiatre suisse Peter Gasser a mené, de 2006 à 2012, la première étude clinique avec du LSD en 40 ans. Il a donné des doses à des malades tout juste diagnostiqués d’un cancer à un stade avancé pour savoir si cela pouvait les aider à gérer leur angoisse. Les résultats, publiés en 2014, montrent que les patients ont connu une amélioration durable de leur état psychologique. « L’intérêt pour ces personnes est d’avoir un traitement qui fasse effet rapidement (…) L’expérience du LSD peut les aider à surmonter une crise existentielle », écrit le psychiatre.
LSD et cerveau hyperconnecté. En 2016, David Nutt et Robin Carhart-Harris, de l’Imperial College London, montrent pour la première fois les effets du LSD sur le cerveau humain. Des IRM montrent comment il en modifie les connexions et l’activité. Des zones qui étaient séparées - celle de la vision, de l’ouïe, du mouvement - ne le sont plus. Un début d’explication à cette sensation de dérèglement ses sens qu’on vit sous trip, mais aussi, pour les chercheurs, des possibles pistes dans la recherche psychologique sur la dépression et l’addiction.
La tradition psychédélique de la recherche française
Rien de tout cela en France, où les recherches psychédéliques sont au point mort depuis l’interdiction du LSD en 1966. « Le coût des essais cliniques, l’absence de fondations privées anglo-saxonnes et la difficulté à obtenir des autorisations légales rendent la recherche extrêmement difficile en France, alors même qu’il y a un assez large consensus pour penser que le potentiel thérapeutique est considérable », regrette Bertrand Lebeau-Leibovici.
Un essai clinique nécessiterait l’aval de l’Agence nationale de sécurité du médicament (ANSM), de comités d’éthiques et de comités de protection des personnes. Pour Thomas Gicquel, du laboratoire de toxicologie de l’université de Rennes et auteur d’une thèse sur l’utilisation médicale du LSD, la frilosité de ces organismes s’explique simplement :
« Il s’agit quand même de donner une substance classée comme stupéfiant à des patients alors qu’on n’en mesure pas toujours les effets, à court et long terme. »
Les défenseurs des thérapies psychédéliques ne comprennent, eux, pas cette frilosité, d’autant que, rappellent-ils, la recherche française fut pionnière en la matière dans les années 1960. Les premiers essais cliniques pour traiter les névroses avec de la psilocybine ont été menés à l’hôpital Sainte-Anne par les psychiatres Jean Delay et René Robert. « Il y a eu une vraie présence française dans la recherche sur le psychédélisme jusqu’à l’interdiction du LSD. Depuis, les Français sont absents des travaux. Ce qui a prévalu, c’est la bêtise », critique le Dr Lebeau-Leibovici.
En l’absence d’ouvertures administratives, les chercheurs qui défendent le potentiel thérapeutique des substances psychédéliques s’organisent autrement. Vincent Verroust, un chercheur en histoire des sciences, a créé en 2017 la Société psychédélique française, une association qui met en relation les chercheurs qui s’intéressent au sujet, avec une approche mêlant éducation et lobbying :
« Notre rôle est de faire connaître ces substances, leurs applications thérapeutiques, les publications étrangères en la matière, mais aussi augmenter les probabilités pour que les recherches cliniques se produisent en France. »
Comme tous les chercheurs s’intéressant à la question que nous avons interrogés, il « est très confiant sur le fait que ça va finir par arriver en France. Même s’il y a des résistances législatives, culturelles et générationnelles, on attend que les premières fissures apparaissent ».
« Il y a un renouveau des études psychédéliques. Il serait extrêmement triste que la France n’y participe pas, abonde le Dr Lebeau-Leibovici. Je pense que les conditions sont réunies pour réveiller la recherche française. » Il compte prochainement déposer une demande de projet de recherche sur le LSD, la psilocybine, la DMT et la mescaline auprès de l’ANSM. Une tentative qui sera sûrement rejetée, mais dont le but est surtout de pousser l’organisme « à nous expliquer les raisons pour lesquelles elle refuse de nous donner une autorisation. Et à le faire publiquement".
Après s’être brutalement arrêtées avec l’interdiction du LSD à la fin des années 1960, des études sur les substances psychédéliques recommencent 





segunda-feira, 11 de março de 2019

Embriaguez desde os treze anos

Aqui pode ler todas as minhas respostas a todas as perguntas da jornalista Vanda Marques.Respostas à Jornalista Vanda Marques para o seu trabalho publicado na revista Sábado https://www.sabado.pt/vida/detalhe/jovens-alcoolicos-se-nao-tivesse-bebido-ate-cair-nao-tinha-valido-a-pena?ref=SEC_Grupo2_vida&fbclid=IwAR2rCsHnSSP62QuC_Jclmk5iu4nywdowa01Gk7-4xQDL_rb0Qvw6Q9y_Dqg


Luís Patrício
Médico Psiquiatra Chefe de Serviço
psimedicina@gmail.com
Equipa de Adictologia e Patologia Dual
Clínica da Luz- Psiquiatria
Carnide – Lisboa
 Espero ser útil. Espero que possa ajudar nas mudanças, necessárias desde há muito, para Bem de Todos na Saúde individual,
familiar, social, comunitária e ambiental.




VM - Quais são as principais causas que conduzem os jovens a consumos excessivos de álcool?

LP - Em ambiente de consumismo, beber álcool em uso intensivo é para muitos jovens uma imagem de marca.
E para outros não é. Os jovens não têm todos e mesma educação para a saúde nem a mesma educação cívica, nem os mesmos comportamentos face ao consumismo.

A pressão grupal, a massificação da pressão consumista, a banalização do risco, a identificação a consumidores mediatizados que dão esses exemplos, o efeito moda, o tempo de crescer (adolescere), o facilitismo e os mitos (antigos e contemporâneos), são realidades bem conhecidas.

A ignorância fragiliza. E em 2019 há ainda quem desconheça que, por razoes de desenvolvimento humano, pelo menos antes dos 18 anos não se deve consumir bebidas com álcool, um químico neurotóxico.






 

As carências na Educação para a Saúde são uma realidade em muitas famílias, que estando mal instruídas não têm conhecimento para educar, como ensinar. Fazem e dizem como sabem, mas nem sempre com valor educativo e por vezes até com conteúdo cultural dito instrutivo, mas incorreto.

Não respeitar o tempo de criança e tratar uma criança como se fosse adulto é um erro. Pode ser cómodo e até agradável, e até divertido para alguns, mas não garante alegria e bem-estar para todos, nem coerência educativa. 

Quantos adultos, pais, avós, foram ensinados a beber, a escolher quando, como, e com que objectivo?




Carências na Educação dos consumidores, expostos ou submetidos à agressividade da publicidade comercial directa ou à eficácia da discreta publicidade boca orelha, aumentam os riscos.

Onde existir facilidade em encontrar bebidas com álcool e baixo custo ao pagar, é difícil resistir a sugestões de consumo e consequente fidelização de clientes para muitos anos. As estratégias de promoção têm objectivos e funcionam. Para quem não gosta e para que talvez venha a apreciar até é disfarçado o sabor do álcool nas bebidas reinventadas. 
As ignorâncias deixam todos os consumidores fragilizados.





Os modelos familiares desajustados na Educação de valores e na relação com o álcool, não robustecem os membros da família.

O actual consumo intensivo de álcool em jovens chegou a Portugal neste século. Em Espanha acontece desde os anos 90, vimos acontecer, mas não nos soubemos prevenir. E com mais este consumismo agravou-se uma situação que já era grave para adultos. Neste século está à vista o crescente comércio de oferta para jovens mais jovens, nas Tardes e Noites, nos mini ou Megafestivais todo o ano, e nas festas com imensos estudantes intoxicados (do secundário ao universitário), início, meio e final de ano. E nas férias de Carnaval, Pascoa ou de Verão de modelo de lazer de diversão obrigatória, abre a época da reforço para iniciação e de manutenção.

Todo este abastado consumismo é bem regado com interesses económicos sobre bebidas com álcool. E este consumismo tem sido vergonhosamente desnutrido de responsabilidades em Educação e Saúde.

Gerações jovens do passado são quem dirige na actualidade. E o presente têm conseguido o sucesso deste século na promoção do consumo. E o excesso do consumo, o consumismo de comportamentos der risco, também com álcool, corresponde a um grave desequilíbrio, indecência ou vexame na Educação para a Saúde para Prevenção de Doenças.

E a Saúde é um Bem, um Valor fundamental.

A despudorada pressão social consumista e a submissão à propaganda de velhos mitos, (ex: dá força) e de novos mitos (faz amigos) confirma a sua eficácia no aumento do consumo. Com música e álcool, está o negócio garantido, para diversão e riqueza de muitos e tristeza de bastantes.


Em situações de sofrimento, desajustamento individual, familiar, social, na exclusão, o consumo facilitado de bebidas com álcool, e o abuso (uso com dano) pode ser uma escapatória, para sair, para não sentir, mas que na realidade só agrava o que está mal.





VM - Existe uma desculpabilização social?

Existe desculpabilização e carências na responsabilidade, familiar, social, política e até nos serviços educativos e nos serviços de saúde.

O poder do dinheiro, a força da economia, corrompe e perante as realidades, impõe as suas outras verdades.

E na nossa cultura as bebidas com álcool estão na nossa pele, em cada região com as suas produções, e até nas nossas famílias. Tudo facilitado por muitos anos de laboração e de modernização dos conhecimentos.

De facto, na nossa cultura a ignorância sobre o consumo também está na nossa pele, na nossa família, embora politicamente e socialmente a ignorância não seja assumida. A modernização na partilha dos novos conhecimentos preventivos está atrasada.

Veja-se o conselho de lei para ser responsável, para beber com moderação e que até é uma elegante recomendação. Mas sem se explicar o que significa moderação, o consumidor fica sem saber. E na ignorância vigora o… Eu acho que, ou Para mim… Etc.




Se este texto vier a público, aumenta a possibilidade de, pelo menos por vergonha, esta ignorância poder mudar, terminar.

Em muitos locais de Portugal, temos desde há muitos anos, carência de competente divulgação de informação competente e ainda ausência de educação e de estratégias de “democratização pedagógica” de testes de alcoolémia, por exemplo do teste de “balão”.

E também temos tido crescente abundância de mitos, de locais de “oferta” de álcool e de consequente banalização do mau uso e abuso.


Mas estas ignorâncias têm que acabar. Temos feito por isso, temos dado o modesto contributo para isso, mais as mensagens só chegam a quem nos ouve. Aqui envio um exemplo do que, pelo menos devia acontecer entre nós.

       Figura 1 Informação Unidades de álcool UBS no Reino Unido Foto gentileza de CARLOTA 2019, para  Mala da Prevenção


VM - Há uma pressão para beber?

É óbvia directa e não inocente, imprudente e por vezes indecente. É um carnaval todo o ano.

A publicidade entra pelos olhos, pelos ouvidos, vem ter connosco. Até pelas muito eficazes imagens televisivas para promover o consumo, com pessoas de copo na mão, muitas vezes a beber de empreitada.
É mais um carnaval, rodadas e, festas todo o ano.




Num encontro, quantos de nós oferecemos uma bebida com álcool a um amigo? E água ou outra bebida? Não é fácil. Embarcamos e…
Porque é que tem que ser um copo (álcool)? Cultura e… muita ignorância também. É um acto de cultura saber beber, saber escolher, respeitar quem não bebe, respeitar-se quando se bebe. Brindar com álcool não é obrigatório. Pode ser com outra bebida ou sem bebida. É preciso mudar o culto de Brindar à Saúde pelo Brindar à Alegria, à Amizade, a outro valor, porque o álcool não garante saúde a ninguém: é um químico neurotóxico.


VM - Porque motivo os hospitais não fazem o acompanhamento dos casos de jovens que dão entrada com coma alcoólico?

Ouvindo o que nos dizem os doentes e seus familiares, percebemos que infelizmente essa realidade não será uma raridade.
Numa situação de doente comatoso, emergência (risco de vida agravado) a prioridade é salvar a vida, ou numa situação de urgência (risco de agravamento) é tratar, para evitar a emergência a curto prazo.

O excesso de consumo de álcool, intoxicação ou bebedeira, tornou-se banal em Portugal.

Admito que, mesmo onde seja banal, haja quem entenda (e mal), que seja uma situação “normal” ou até repetidamente pontual…
Onde tal aconteça há que melhorar e educar para ajudar a referenciar.
Outra questão será: referenciar para onde? Não abundam locais com equipas de saúde com prática na competência para comportamentos de risco e danos associados ao mau uso de etanol.

E na verdade as associações com outras substâncias químicas, até desconhecidas, são muito frequentes.

Cada profissional de saúde faz o que melhor é capaz. Conhecendo profissionais do terreno, não é raro ouvir dizer que não sabemos como fazer, reconhecer que não estamos preparados. Este trabalho é complexo. Em muitos abusadores de álcool, pode-se encontrar, previamente aos consumos de abuso, sofrimentos relacionados com perturbações de ansiedade, do humor, da percepção da realidade, da personalidade entre outras dificuldades, o que dificulta ainda mais os tratamentos.

VM - No caso da Paula, poderia nos dizer o que potenciou este consumo?

Com deve compreender, não especifico esta ou aquela situação.

São várias as razões que podem desencadear um consumo abusivo em quem não era consumidor ou em consumidores ocasionais, e os doentes e seus familiares falam disso.
Claro que a integração social em ambiente consumista é comum. É comum ouvir-se o Diz-me com quem andas…
Mas não é raro haver situações de muita solidão, frustração, alterações da ansiedade e do humor, conflitualidades, fome e pobrezas, etc.


  

VM - A Paula diz que “alguma coisa de errado se passava dentro de mim” para beber tanto. É comum este sentimento? Porquê?

Quem trabalha com pessoas doentes, jovens, adultos e idosos, abusadores de bebidas com álcool, não é raro perceber que os consumos são como que tentativas de alívio, de (falsa) saída para sofrimento vivido pelo consumidor. O consumo deixa de ser feito pelo prazer, para ser feito para atenuar o desprazer. É o que se passa na dependência, em que se repete mais uma vez, apenas para aliviar, ainda que temporariamente, o desprazer duma falta, da carência.













VM - Que papel têm os pais neste aumento de consumo?

Se os menores de idade consomem álcool, seus pais ou educadores, devem conversar de frente sobre o assunto e, eventualmente avaliar a situação com a enfermeira ou o médico de família.



VM - Quando se apercebem que o consumo é excessivo, o que devem fazer?
Avaliar globalmente a situação com a enfermeira ou o médico de família.



VM - Houve uma alteração no acesso ao álcool, quando se tornou legal mais cedo. Porque é que isto aconteceu? Como é permitido?

Lamentável evento ocorrido em Portugal. Foi um período de aumento de fidelização de jovens consumidores. E também de aumento de conflitualidade nas famílias onde jovens de 16 anos impunham, aos seus pais, pagantes, esse consumo porque já era legal.
Casos houve em que expliquei a pais desorientados que na sua casa eram eles que decidiam com era, e não a lei invocada pelo filho ou filha de 16 ou 17 anos.



VM - O que é mais difícil na recuperação destes jovens?

Mudar alguns hábitos gradualmente instalados
Conseguir fazer a separação e seleção, de amigos / conhecidos
Reorganizar algumas dinâmicas familiares instaladas




VM - Quais são os maiores desafios?

Conseguir uma boa adesão à estratégia proposta, a fazer com um acordo para reduzir riscos e ou para tratamento (que não é um prémio, nem um castigo, mas uma necessidade de quem está doente).
Educar para a saúde e bem-estar
Desmitificar o consumo / tratamento
Conseguir a compreensão e o apoio familiar, eventualmente comunitário
Responsabilizar e promover a abstinência ou redução de riscos em comportamentos identificados.
Promover a conquista da autonomia


VM - Que doenças são provocadas pelo consumo de álcool?
Mais de sessenta. São frequentes e pouco faladas a impotência e a demência. Delírio de ciúme e dependência também são muito negadas. Muitas desenvolvem-se lentamente.

Mas há uma que é muito frequente e de instalação muito rápida e socialmente muito promovida.  É a intoxicação aguda ou bebedeira, a única doença provocada pelo álcool que é voluntariamente desejada.

O álcool é das substâncias que mais estragos produz no bebedor excessivo, (doenças, acidentes, mortes, violências diversas em crianças, jovens, adultos e idosos), na família e na sociedade.
Pode estragar a saúde, a memória, a atenção, outras capacidades para estudo/ trabalho, afectos, sexualidade, a qualidade da sua vida psíquica, física, familiar, relacional, cívica, financeira.

As doenças relacionadas com o álcool são bem conhecidas por afectarem o bom funcionamento de muitos órgãos, coração e vasos, estomago, fígado, pâncreas, bexiga, órgãos genitais e tantos outros órgãos e sistemas e naturalmente o cérebro e também por estarem relacionadas com muitos tumores. 













VM - O facto de consumirem tão novos tem impacto no desenvolvimento do cérebro?
O etanol é neurotóxico e nada ajuda no desenvolvimento



VM - Foi noticiado que estão a aumentar os jovens que chegam às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens por terem ou estarem expostos a comportamentos relacionados com bebidas alcoólicas que afetam o seu bem-estar e desenvolvimento?

Não sei responder sobre o que lá se passa. Mas sei que há muitos jovens a consumir substâncias que perturbam o funcionamento mental, álcool, canábis, pastilhas/sintéticas e até cocaína, e com dificuldades acrescidas com pais, a agora também com avós


VM - Muitos destes jovens, contam que no início bebiam por diversão, por estarem em grupo e depois passam a beber sozinhos, melancólicos. Porquê? Porque é que acontece esta mudança?

Quem bebe só não partilha nada. Bebendo só pode pensar controlar melhor o que faz e nem se justifica a ninguém. Se perde interesses e capacidade de socialização, ficando isolado a beber, reforça o isolamento.


VM - Uma rede de amigos consegue ajudar os jovens com estes consumos?

Com bons amigos, são melhores os envolvimentos. E, podem ser mais apoiados os crescimentos ou “renascimentos”.


VM - Porque é que os de 12 anos começam a consumir?

Por incumprimentos de adultos que deviam ser responsáveis, por faltas na educação e por acesso aos produtos de consumo. Haverá solidão?
Serão crianças de facto abandonadas na abundância material ou nas carências do essencial?



VM - O que devem fazer os pais quando os filhos de 12 ou 13 anos começam a pedir para sair à noite?

Noite aos 12 anos? Que esperam? A Noite é um enorme e por vezes agressivo negócio financeiro e também negócio cultural. Há idades para tudo. Há que saber aguardar e viver o que se tem.

Os pais não podem colocar-se como irmãos dos filhos, pais imaturos ou de adolescentes prolongados.

Pai é Pai, Mãe é Mãe. Nem são bonecos nem pessoas “baris” que se como se fossem da idade dos filhos.  Quem não educa…
Conhecidos têm os filhos muitos. Amigos têm alguns. Pais só têm aqueles.

Há pais que deseducam, que tornam os filhos agressivos, que querem fazer com que joguem numa equipa sénior quando o seu lugar é na equipa dos infantis, iniciados, juvenis ou juniores.

Importa que saibam respeitar os tempos de desenvolvimento dos filhos.
Respeitem os filhos. Dizer não também é educação.

Os negócios (alguns selvagens e enganadores) das seduções nos comportamentos de risco, mantêm enorme expansão consumista. É urgente educar face pressão das epidemias das compras, incluindo os écrans, as substâncias, o culto do imediatismo e do facilitismo, da ignorância e da superficialidade, da falta de esperança e da falta de responsabilidade. A perda de memória por “conveniência”, pode ser conveniente para curto prazo, mas não gera Educação para o futuro.

Abdicar da Educação em valores e promover a instrução em consumismo, é semear delinquência com risco de violência. É criar ditadores primeiro dentro de casa e depois na comunidade. E os cidadãos menos educados têm menos resistências e os mais ignorantes não sabem assumir responsabilidades. E os frustrados ambiciosos não reconhecem limites. São tiranetes ou tiranos. Quem não (re)conhece?