segunda-feira, 28 de junho de 2010

AUDIOVISUAL
PARTILHA TRANSCONTINENTAL


Com estima, amizade, respeito e gratidão a


ANTONIO NERY FILHO
Professor Universitário
Cidade de S. Salvador
Estado da Baía
Brasil
A NÃO PERDER
Para que saiba
Consulte o seu blog
Estimado António Nery
Muito obrigado por uma vez mais poder estar consigo, agora através do blog.
Quem o não conhece é muito provavel que goste do que vai ler.
Aqui deixo a sugestão.
Aos leitores recomendo também "Conversando sobre Drogas" título de um dos seus livros.
De Lisboa, um abraço do
Luís Patrício
Volteremos...
Rubrica na rádio
RÁDIO DIFUSÃO PORTUGUESA
Dependencias, Causas Públicas, Antena 1
Pelas 15,20 de 4ª feira, desde há 3 anos, converso com a locutora Filomena Crespo, sobre dependencias.
Se desejar, pode ouvir a emissão à 4ª feira na Antena 1, ou pode ainda ouvir o registo em podcast:
Espero que possam ser úteis, esses breves minutos de audição.
Luís Duarte Patrício
Voltaremos...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

PEDAGOGIA PARA A RESPONSABILIDADE

PEDAGOGIA PARA A RESPONSABILIDADE

Dr Luís Duarte Patrício


Utilização de alternativas ao encarceramento
Atitude contra o reforço da exclusão
Utensílio de PREVENÇÃO do agravamento de riscos individuais e sociais, inerentes à estadia e convívio "social" em estabelecimento onde vivem obrigatóriamente muitas pessoas com dificuldades individuais e sociais acrescidas.

Em muitos países e em muitos estabelecimentos prisionais não existem condições que garantam o respeito pela condição humana de quem está detido, nem o respeito pelas condições de trabalho de quem lá exerce dignamente as suas funções profissionais.

Em muitos países e em muitos estabelecimentos prisionais, ainda não está garantido o acesso ao tratamento a pessoas que estão doentes e cumprem pena de prisão.

De entre estas pessoas doentes há pessoas dependentes de substâncias psicoativas, legais ou ilegais, e que não têm acesso ao tratamento adequado a essa condição patológica.

Onde isto acontece aumenta o risco de que pessoas nessa situação, façam consumos de tudo o que possa servir para palear, sentir menos o seu sofrimento. "Enchendo a cabeça, não sinto tanto".

"Enche-se a cabeça" consumindo, na cadeia como no exterior, o que está disponível e com os utensílios que se arranjam.

E para pessoas desvalorizadas, que são de facto geradoras de comportamentos de "má vizinhança" ou que estão "abandonadas", pouco importa a atitude de cumplicidade, a agressiva partilha de uma mesma agulha e seringa e algodão, atitude que assim garante a disseminação, dentro e fora, de doenças infecciosas, de dispendioso tratamento e algumas ainda sem cura.

Assim se agrava a saúde e se "alimenta" um sistema incrivelmente desajustado para a dignidade da condição humana, mesmo dos homens de quem a sociedade se defende, por causa dos seus comportamentos não tolerados ou rejeitados.

Procurar anular, ou pelo menos procurar reduzir estes comportamentos é uma atitude de responsabilidade e cidadania.

Essa atitude tem que ser suscitada onde ainda não existe.

Uma nova atitude pedagógica tem que ser activamente promovida seja junto do Homem que "dirige" (pelo menos em parte) aquilo que consome, o consumidor, seja junto do Homem que dirige de forma responsável a estrutura onde vivem essas pessoas.

Numa recente conferência em Londres, (Universidade de Verão T3E UK), o Dr Santiago Rincón afirmou que em Espanha, em todos os estabelecimentos prisionais está disponível para quem necessite, o chamado Programa de Redução de Riscos, conhecido vulgarmente por Troca de seringas, bem como programas de tratamento, sem lista de espera, para dependentes que necessitem de tratamento de manutenção com opióide.

Quem pouco ou nada tem, pouco ou nada tem a perder
A quem se pode atribuir uma responsabilidade?
Quem tem capacidade para ser responsável?


Para as pessoas que no contexto social, pouco ou nada têm, nem de referências estruturantes, nem de saúde, nem de outros valores individuais, familiares ou sociais, pouco ou nada resta.
Quem pode ser responsável? O excluído?
Quais as suas competências?
Algumas pessoas que vivem na exclusão social, explicita ou implicita, "sobrevivem" impregnados na relação com bebidas com álcool.

Assim acontece. Assim se pode ver em diversos países de alguns continentes.
E certamente que também na nossa Europa, porventura à nossa porta.

"Ricos" ou "pobres", consumidores abusivos ou dependentes de etanol ou de outras susbtâncias psicoactivas, ficam "irmanados" no consumo e na perda da liberdade de não consumir.

Estando dependentes, consomem já não pelo prazer do uso, mas para mitigar ou prevenir o sofrimento da privação.

Mas, por esse mundo fora, e talvez na nossa rua, ainda há quem não saiba que é assim.´

E asim sendo, justiceiros ignorantes ou justiceiros atrevidos, condenam por vício (conceito moral), não entendem o que é a doença.

E assim sendo, não promovem o tratamento adequado e condenam ainda mais quem já está a cumprir a pena não desejada da dependência.

Alguns nem sabem que há dependentes que consomem o que muitos rejeitaram: o vinho a martelo, essa sim uma autêntica droga.

Para as pessoas a quem apenas resta a exclusão social, essa situação de excluído pode ser o antro "provocatório" e preparatório para a admissão na reclusão intra muros.

"Lá dentro não chove, está garantida cama, comida e até... companhia" . "Companheiros há muitos, pode é faltar-me o..."

As outras modalidades de exclusão, a exclusão mental, a patologia mental, o sofrimento psíquico individual e familiar, que podem ser o reforço da exclusão social, não são uma fantasia. Muitas vezes já existiam.

Na Europa, em Paris ou em outra grande cidade ouvimos pessoas "alienadas", a falar na rua, a dialogar com interlocutores que não vemos?

Na América Latina, em Lima ou em outra grande cidade, vemos doentes mentais desorganizados, a deambular pelas ruas?

Ainda há quem não veja a exclusão desta forma, ou esta forma de exclusão, por falta de saber, por falta de esperiência ou por falta de capacidade.

Certamente que os homens de boa vontade acreditaram que não será por falta de vontade.
Apesar destas situações, será que neste mundo se valorizam outras prioridades?

Registo !
Sabia que, há países onde ainda não é possível ao doente heroinodependente o tratamento com metadona ou com buprenorfina alta dose, prescrito pelo médico?

Será que nesse mundo se valorizam outras prioridades?
Voltaremos...



Registo !

Sabia que neste mundo o álcool parece ser substância psicoactiva cujo mau uso mais danos directos e indirectos provoca na saúde individual e colectiva, logo após o consumo de tabaco?

Sente-se obrigado a consumir álcool? Porquê?

Por quem e com que direito?

Já aprendeu a consumir álcool?


Ensinaram-lhe em sua casa, na sua escola, na sua universidade, no seu trabalho, no seu centro de saúde, na sua junta de freguesia, na sua paróquia, na associação, na taberna, na discoteca, na rua?

Ensinaram-lhe critérios, que sejam mais do que o senso comum carregado de mitos, de inverdades?

Para ser educado, mais vale tarde do que nunca

Será que neste mundo se valorizam outras prioridades?


Voltaremos...

A relação que a sociedade tem com o álcool faz parte, da nossa cultura ocidental:

  • Produção (doméstica e industrial).
  • Comércio (e marketing).
  • Consumo (adequado e abusivo, até com sequelas de doenças agudas e crónicas).
  • E claro está, a "fundamental" cobrança de impostos.

Actualmente sabemos muito mais sobre o álcool e nomeadamente sobre as doses "consumíveis sem entrar no patamar de risco" e sobre as sequelas do mau uso do álcool.

Mas muitos de nós, sejamos consumidores ou não consumidores, fazemos de conta que não sabemos, ou de facto continuamos a ignorar.

Temos que ousar falar do tema, porque há muito a fazer na promoção da saúde individual e social, mesmo que essa atitude colida com alguma dimensão cultural e com muitos interesses sociais, económicos, financeiros e até políticos.

O álcool das nossas bebidas, o etanol, é o mesmo que se compra na farmácia, mas tem as particularidades específicas da bebida que escolhemos.

Quem está muito pobre chega a beber a mistura de álcool puro com outra bebida barata... Ao que alguns de nós chegam quando estão em sofrimento e na… miséria.

Infelizmente há ainda quem use a expressão separadora: álcool e droga. Pode não convir que se diga, mas o álcool é uma droga. E é das que provoca efeitos semelhantes a muitas outras que a sociedade não aceita e que por isso estão ilegalizadas.

Voltaremos…

Luís Patrício

domingo, 20 de junho de 2010

SAÚDE, LIBERDADE, SOCIEDADE DROGA de CONSUMISMO

SAÚDE, LIBERDADE, SOCIEDADE e CONSUMISMO
Por Luís Duarte Patrício
Médico Psiquiatra

O valor das palavras
As palavras têm um valor que importa conhecer.

Reconhecendo o valor da palavra, de uma palavra, das palavras, podemos melhorar o nosso conhecimento e a forma de comunicar através da palavra escrita ou falada.

Nada nem ninguém nos impede de poder reflectir e emitir o que elaboramos.

Contudo, na sociedade de consumo, se consumirmos a televisão ou outro ecrã de forma abusiva, fora da justa medida, sem ter a possibilidade de reagir, de interromper, corremos o risco de reduzir bastante o tempo e o espaço para a partilha do pensamento, para o diálogo.

Recusando outras actividades, podemos ficar mais pobres de tempo e de interacção.

A liberdade
Liberdade significa* independência, autonomia.

Liberdade individual significa*, garantia que qualquer cidadão possui de não ser impedido de exercer e usufruir dos seus direitos, excepto em casos previstos por lei.
*Universal. Dicionário Língua Portuguesa. Texto Editores. 2006 (8ª Edição)

Há quanto tempo não consulta um dicionário?
Recorde que pode ser uma boa prenda para oferecer a uma pessoa de quem goste.

A liberdade está ao nosso alcance, embora o uso da liberdade da partilha possa não estar.

A liberdade do pensamento está ao nosso alcance, se a organização do conteúdo puder ser livre.
Com este blog partilho.
Esta forma de partilhar pensamentos e factos, reflexões e noticias, é pois a expressão da possibilidade que temos do uso contemporâneo da liberdade de comunicar.

Uso mau uso e abuso
A contemporânea sociedade consumista, ávida de mudanças, de experiências e de sensações, ávida de dinheiro e de bens materiais, procura impor ao cidadão, procura banalizar o excesso do consumo, o consumismo, como se os recursos fossem inesgotáveis.

Usa-se de forma abusiva, abusa-se de forma compulsiva, como se o uso na justa medida fosse uma atitude aberrante, um desvio à normalidade estatística.

Reconheça-se que em alguns meios consumistas, ser adequado no consumo é uma atitude marginal, mas certamente que não é um desvio à normalidade funcional.

Mesmo para quem não gosta da "normalidade", o facto de existir uma normalidade funcional, o facto de haver pessoas nessa "normalidade", permite que praticantes da "anormalidade", tenham acesso ao que normalmente eles desejam ou necessitam.

Simplificando: a pessoa que não trabalha porque não quer ou a pessoa que chega tarde ao compromisso, à refeição ou ao trabalho, estatisticamente pode estar fora da "normalidade", mas quem lhe garante a subsistência na sociedade é quem funcionalmente está na "normalidade" e lhe faculta os bens necessários ao seu bem estar ou à sua sobrevivência.

O mau uso e abuso de substâncias que modificam o normal funcionamento do Sistema Nervoso Central, tem sido, desde os anos sessenta do século passado, um dos mais impressivos comportamentos humanos, nas sociedades ocidentalizadas e mais abastadas.

Ainda há quem lhes chame droga.

Também há ainda quem as divida em ecológicas e químicas, leves e pesadas, duras e moles, quentes e frias, etc., sem que tal divisão corresponda a algum suporte de rigor técnico, científico.

Há até quem ainda diga e com afincada convicção: álcool, tabaco e droga.

Estou á vontade para fazer este comentário, porque eu próprio fiz, mas no fim dos anos 70, nas sedes de freguesia do Concelho de Portalegre, uma campanha de informação Álcool, Tabaco e Droga.

Outros tempos, outros saberes, outros dizeres e tempos de outra militância.

Mas…
Droga não é o que vulgarmente ainda se pensa, porventura uma coisa estranha e má que vem de fora. É muito mais que isso.
Oportunamente iremos perceber como fomos enganados.

Então, mais tarde diremos: fomos enganados, afinal não há droga!
Saúde: um bem a gerir

No âmbito da saúde, cada cidadão é um gestor, o gestor da sua saúde.Ou melhor dizendo, deveria ser um bom gestor da sua saúde.

Um gestor educado e não apenas informado, ou apenas formado ou diplomado com o contemporâneo e funesto facilitismo.

Cada cidadão, deveria ser um gestor que desde jovem recebeu informação adequada, e que a tem, que recebeu formação adequada e que a tem, e que recebeu ainda a necessária educação para a cidadania e que a pratica.

A saúde é um bem para ser usado de acordo com as necessidades, e na justa medida que não ponha em causa a sua boa qualidade.

No que está ao nosso alcance, pelo modo como nos damos com ela, haverá que a respeitar e estimar. Haverá que defender a saúde e promover o bem-estar. Assim também se promove a Justiça Social.

Cuide-se pela sua saúde. Cuide-se pela sua e nossa cidadania.

Educação, cidadania e saúde

A educação para a cidadania (qualidade) é uma base fundamental na consolidação do saber e na promoção das boas praticas cívicas. O exercício da educação para a cidadania (qualidade), reforça e justifica a auto estima e a estima dos nossos pares, amigos e familiares.
É a evidência de se ser, ou de se não ser, boa vizinhança.

E se uma criança puder compreender o valor que é ser um Cidadão Educado, poderá dizer: quando eu for grande, quero ser como...

Caso contrário, fará como viu fazer, porventura em seguidismo de que foi seu modelo, ou porventura em oposição, fará de forma bem diferente.

Mas…

Se há falta na educação

Mas se numa estrada ou numa rua, vemos condutores com atitudes incríveis, por vezes selvagens, desrespeitadoras de regras de segurança, das regras na velocidade, das prioridades, das regras nos semáforos, nos estacionamentos, que pensar?
Os acidentes, os nossos e os dos outros, não acontecem por acaso. Muitos poderiam ser evitados, se para além da posse da carta de condução, houvesse e fosse praticada a educação para a cidadania.
Condutores de carros discretos ou de carros vistosos, esses condutores são certamente pessoas encartadas, que receberam informação, que passaram no exame de condução por terem revelado conhecimento, a quem foi reconhecida capacidade para conduzir na nossa sociedade. Certamente que não obtiveram a "carta" ou licença de condução por terem oferecido uma lembrança em azeite, como se dizia outrora.
Mas se o seu comportamento não é de qualidade, quer dizer que lhes falta EDUCAÇÃO, educação para a cidadania.
Quer dizer que esse comportamento é o ensinamento que oferecem aos seus filhos, aos jovens que os vêem e aos adultos que os imitam.

Se não estivermos atentos, perdemos a liberdade e a responsabilidade de bem escolher, e seguimos as asneiras dos outros.
Há quem copie comportamentos desajustados e seja seguidista do comportamento mal-educado, atitude dita de "carneiro".

Para prevenir não basta informar e formar: há que educar para a cidadania.

O lixo e a sociedade
Nós, seres HUMANOS, também produzimos lixo.
E actualmente produzimos muito mais, porque consumimos muito mais.
Mas…

Também nas ruas se acumula o lixo que fazemos e lá colocamos, quando estas não são limpas com regularidade.

Também nas ruas se acumula o lixo humano que construímos e consentimos, que alimentamos, que fazemos quando não prevenimos com regularidade.

Onde a ética ambientalista ainda não chegou…
Mandamos o lixo e as fezes para um mesmo sítio.

E às vezes também para lá mandamos as pessoas.
É assim que se fazem guetos, minorias segregadas.
Guetos nas ruas ou nas instituições, em casa ou nas prisões.
E nos guetos, cria-se e desenvolve-se o meio de cultura para mais segregação, para mais marginalidade, doença e sofrimento humano.

E de tal forma é esta produção que a sociedade teve que se organizar em movimentos sanitários, comunitários e ambientalistas, que nos educam, que nos ensinam a reagir a este risco decorrente do consumismo.

E também criou outras respostas como a alternativa à prisão, com o uso da moderna Pulseira Electrónica, certamente mais barata que a admissão e hospedagem na prisão.

Este moderno utensílio parece ser também muito útil na prevenção do convívio intensivo de pessoas não criminosas com criminosos de "profissão" e na prevenção da frequência do local onde vivem esses profissionais do delito que se excluíram ou que a sociedade excluiu.

Voltaremos...