domingo, 28 de abril de 2013

DROGA de substâncias sintéticas & DESPREZO pela Saúde Humana


DROGA de substâncias sintéticas & DESPREZO pela Saúde Humana

Por Luís Duarte Patrício
Médico Psiquiatra

Quadros psicóticos induzidos pelo uso das substâncias psicoactivas


Com o filme, DROGA de substâncias sintéticas:DESPREZO pela Saúde Humana, pretendo contribuir para abrir alguma reflexão sobre a ingenuidade e os interesses, a beatificação e a diabolização perante as substâncias de síntese, antigas e recentes.


O que não existe não dá que falar.
O que não se reconhece também não existe. Não se fala do que não existe.
Mas pode-se fazer de conta. Assim, nem é notícia nem preocupação o que não existe.
Mas há temas e assuntos de que não se fala ou de que se fala pouco. Contudo… existem.

Parece uma descrição caótica, mas apenas parece, porque de facto não é.
Em 2010, 27 Maio foi notícia na Europa, e em Lisboa, o Comunicado ALERTA do Observatório Europeu OEDT. Referia-se às preocupações na União Europeia com novas substâncias sintéticas, reacções em diversos estados membros da UE e recomendações. Ficou-se a saber que Dinamarca, Alemanha, Estónia, Suécia, Finlândia, Roménia, Países Baixos, Noruega, já controlavam a mefedrona e que em Abril de 2010, no Reino Unido foram proibidas a catinona e a mefedrona. Era intenso o abuso e houve mortes relacionadas com o seu consumo.
Face à tragédia de outros, houve quem aprendesse e houve quem desejasse aprender para se defender, para prevenir.

No mundo ocidental, nos locais onde há acontecimentos de consumo de mau uso e abuso de substâncias sintéticas, os profissionais falam disso.
Os riscos com o consumo dessas substâncias sintéticas e de outras substâncias psicoactivas, legais e ilegais, e os danos decorrentes desses consumos são realidades do conhecimento de quem trabalha.

Quadros psicóticos induzidos pelo uso das substâncias psicoactivas
São dramáticas algumas das situações de perturbações psicopatológicas relacionadas com o consumo dos ditos fertilizantes, incensos e sais de banho. Uma mistificação vergonhosamente tolerada ou consentida por alguns cidadãos e até promovida sem vergonha, sem pudor ou por ignorância pela parte de outros.


Em Portugal, os danos ocorridos durante os últimos anos, evidenciam como os profissionais foram surpreendidos pelo seu desconhecimento e como os consumidores foram surpreendidos pelo seu desconhecimento.
Houve consumidores adolescentes, jovens adultos e maduros que adoeceram sem querer.
Há familiares que se confrontam com parentes consumidores que adoeceram com graves alterações do comportamento por uso deste tipo de substâncias
Houve consumidores doentes levados a serviços de urgência por “agitação severa, ideias delirantes, auto-agressividade (comportamentos suicidas), hetera agressividade, comportamentos bizarros, negligência severa nos autocuidados”.
Houve e há doentes em tratamento ambulatório e em tratamento em regime de internamento hospitalar, internados e re- internados em serviços de psiquiatria e saúde mental.
Houve consumidores que adoeceram e que faleceram. Importa saber de que forma a causa da sua morte estará relacionada com os seus consumos. Quantos consumidores doentes terão morrido em Portugal desde 2010?

Nos países mais civilizados qualquer medicamento sintético está sujeito a regras de qualidade.
Mas… não se tratando de um medicamento
Sendo um outro consumível…e sendo desaconselhado para uso humano, nada mais a dizer… Contudo, em Portugal quem vendia até podia aconselhar que convém não abusar.

O consumo cego de substâncias sintéticas, não é senão a expressão do desprezo pela saúde humana.
Em Portugal, houve pessoas que adoeceram e que ficaram surpreendidas porque haviam comprado um produto que estava legalizado, como se isso significasse que fosse interessante e sem riscos para a saúde.
Aqui colocarei o acesso a pequenos vídeos com a permissão de quem neles colabora.

Certamente que quem enlouqueceu não quis enlouquecer
Certamente que quem fez crises de pânico, não desejou tais situações.
Certamente que quem morreu não quis morrer.

A lei mudou em Portugal  - DL 54/2013, 18 de Abril
E…o acesso a muitas substâncias sintéticas identificadas está mais dificultado, impedido, nomeadamente no negócio ao balcão.

O negócio pela internet continua, tal como havia começado, só que agora continua porventura também com clientes fidelizados, vindos do comércio da rede de balcões.

Mas irão aparecer muitas mais substâncias que não estarão na lei.

Há que fazer o que falta para muita gente: motivar e preparar os interessados para um presente que já é passado e para o futuro que é presente, amanhã e depois.
Quem estiver melhor preparado, saberá defender-se melhor. Saberá cuidar melhor do que já se conhece, e saberá lidar melhor com o desconhecido.

Esta será uma forma de melhor contribuir para a Educação e para a redução da procura.

Continuarão a aparecer muitas mais substâncias que não estarão na lei. E quem se preocupa com Educação e Saúde tem que insistir na pedagogia para promover a Saúde, para que se saiba melhor reflectir. Assim se poderá responsabilizar melhor cada pessoa para prevenir o mau uso e abuso de substâncias psicoactivas e outros comportamentos de risco para a saúde individual, familiar e social.

Nas acções realizadas com a MALA da PREVENÇÂO Dr. Luís Patrício, para além dos jogos e de outros materiais, tem sido útil a visualização de alguns pequenos vídeos que ilustram parte do que se passa. Pode ver  nos blog algum desse material pedagógico.
 
Aqui pode ver o vídeo com excertos da apresentação realizada em Madrid em Outubro 2012, no atelier
ABUSO DE COCAÍNA, MEFEDRONA Y HEROÍNA   COMORBILIDAD CON TRASTORNOS PSIQUIÁTRICOS
 

:Sociedade de consumo de fertilizantes: o desprezo pela saúde Humana

 
 

Se ainda tem cerca de 14 minutos, veja outro vídeo mais recente.
Contém em síntese uma perspectiva diacrónica sobre substâncias sintéticas,
e o que se partilha, desde há anos, na intervenção com a Mala da Prevenção.

DROGA de substâncias sintéticas: DESPREZO pela Saúde Humana
Um filme MALA da PREVENÇÂO Dr. Luís Patrício, 2013

Profissionais do Ensino, Profissionais de Saúde, Famílias e outras pessoas, continuam interessados na colaboração da Mala da Prevenção.
 
A Mala da Prevenção esteve recentemente com Profissionais de Saúde em serviços de diversas cidades, Barreiro, Setúbal, Santarém, Caldas da Rainha, Lisboa, e com Profissionais do Ensino em escolas de Lisboa e Queluz.

Se desejar veja este outro vídeo 
DROGA de substâncias sintéticas: DESPREZO pela Saúde Humana
no blog