Também é ajudar pessoas, trabalhar em
meio prisional.
Qual o conteúdo do saber? Que condições?
Qual o conteúdo do saber? Que condições?
KETAMINA
NA PRISÃO: droga para que se saiba
Há 5 dias publiquei um vídeo
sobre o tratamento e a prisão. Coincidência ou preocupação? De há muito que
continua muito por fazer em Portugal.
Os cuidados a prestar aos
doentes que vivem na prisão devem ter a mesma qualidade dos que são prestados
na comunidade exterior.
Conversei com um colega Homem
do terreno e consultor da
UNDOC e da WHO, Andrej
Kastelic. Por convite do Dr Andrej participámos num workshop no IV Congresso
Internacional Dual Disorders, Addictions and other Mental Disorders, onde
apresentamos vídeos de portugueses falando de ESTIGMA. Em breve publicarei
esses vídeos.
Hoje e agora o tema em
actualidade é KETAMINA. Não porque seja novo, mas porque foi NOVO e DEMAIS o
que aconteceu com pessoas que estão a viver numa cadeia. Isto não devia ter
acontecido. A ignorância continua.
Para
lá da verdade da conveniência
É preciso muito mais do que
boa vontade, de palavras simpáticas, de palavras de oportunidade ou oportunistas,
ou de palavras de ocasião. É preciso mais saber e mais partilha. As pessoas,
muitas pessoas, muitos profissionais têm medo de falar, fecham-se para não
serem mal classificados, de perderem a simpatia da chefia hierárquica ou de
perder o emprego.
Muitos técnicos perderam o
interesse em partilhar. Muitos estão cansados do faz de conta que está tudo
bem. Continuamos a reboque do hipertrofiado sucesso da discriminização.
Em Portugal, também o tema
Droga e Prisões merece ser falado com toda a verdade, sobre o que foi (ou não
foi) feito, sobre o que foi ou não conseguido.
Em Portugal continua a não
haver a possibilidade de troca de seringas em meio prisional. Em Espanha estes
programas foram bem implantados e funcionam em benefício das pessoas. Porque
falharam em Portugal? Que sabemos sobre isto? Que saber e métodos foram
disponibilizados, que políticas foram desenhadas? Que avaliação e que
consequências práticas?
Não
é novidade que em Portugal há quem use e abuse de Ketamina
É de uso ocasional ou até regular
em algumas pessoas.
Tratei quem tivesse alucinado
com o seu uso. Existe uso relacionado com actividade sexual, por vezes fora de
alguns limites… Promete, promete e pode provocar estragos diversos incluindo
alucinações.
É fácil de obter para uso veterinário.
Desde há anos constata-se o
seu mau uso e abuso como substância/droga em comportamentos ditos recreativos.
No programa da Mala da
Prevenção, que continua sem reconhecimento positivo ou negativo pelas
autoridades governamentais*, a ketamina sempre foi apresentada e debatida. E
sempre que é adequado ao grupo alvo com que se trabalha, são mostrados frascos
de ketamina vazios e que foram usados em medicina veterinária.
Os doentes que nos procuraram
pelos seus problemas associados ao consumo abusivo de ketamina, referiram as
alterações do pensamento e da percepção da realidade como o sofrimento não
desejado e que motivou o pedido de ajuda.
Em medicina humana a ketamina
tem uso como medicamento nomeadamente no alívio da dor, por exemplo em doentes
gravemente queimados, em certos doentes traumatizados. A ketamina também tem
uso em obstetrícia na ocasião do parto quando é feita a episiotomia.
Obviamente que numa prisão não
se justifica o uso de ketamina.
Trabalhar
em meio prisional: que condições? Que saber?
No âmbito do trabalho em meio
prisional, quero aqui realçar o empenho, dedicação e desejo de aprender dos
profissionais de saúde que conheci há anos nos estabelecimentos prisionais de
Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta. E quero destacar a actividade dos
colegas do terreno que fazem o que podem. Desejo ainda destacar a qualidade da
colega psiquiatra Dr.ª Amélia Bentes, sempre disponível para a colaboração e
actualização nas iniciativas que ao longo de muitos anos temos promovido e
continuamos a procurar promover.
Pena é que muitos
profissionais experimentados tenham deixado de colaborar por falta de interesse
ou de condições.
*
No
último livro Políticas e Dependências, escrevi:
Em Lisboa, solicitei aos
responsáveis pelos serviços da droga do Ministério da Saúde de Portugal, a
apresentação da Mala da Prevenção, para análise e avaliação do projecto,
respectivamente em 2003 presencialmente no IDPT, e em 2008 por pedido escrito
ao IDT e em 2009 novamente ao IDT. Continuamos a aguardar com educação, uma
resposta de quem tenha competência. Apesar desta ausência, a Mala da Prevenção
tem sido reconhecida por outros responsáveis de instituições de saúde e de
ensino médio e superior, e utilizada em programas de formação em Portugal e no
estrangeiro.
Visite
e divulgue se concordar:
http://maladaprevencao.blogspot.pt/
http://drogaparaquesaiba.blogspot.pt/
https://www.facebook.com/maladaprevencao.drluispatricio
https://www.youtube.com/user/psimedicina