ACONTECE… Droga Para que se Saiba
Tem acontecido, desde há muitos anos
responder a entrevistas por convite de profissionais da informação. Desde há
alguns anos, por critérios editoriais o resultado por vezes é diferente do
esperado, seja em tv, revistas ou jornais.
Ontem aconteceu em tv.
Há 3 semanas aconteceu com um jornal de
dimensão nacional.
Para que se saiba aqui deixo minhas repostas que enviei por escrito
Resposta
Nas realidades que conheço, nas áreas da
Prevenção / Educação, do Tratamento, da Redução de Riscos e da Recuperação, e
da formação/actualização, manifestamente tem havido regressão, significativas
perdas desde há mais de 10 anos. Há grandes assimetrias na qualidade e enormes
disparidades entre o que se diz que se faz e o que se faz.
Cito alguns insucessos:
- A ausência de saber do consumidor sobre
bebidas com álcool, ou a insuficiência da informação ao consumidor. E ainda
a banalização da bebedeira, com o sucesso do consumo juvenil abusivo de
álcool, temporariamente com fidelização legal dos 16 aos 18 anos;
- A banalização do consumo de cannabis
ilegal, no espaço público, comercial, lúdico e escolar;
- A banalização do consumo de cocaína
e base, em diversos meios sociais, para além do consumo escondido;
- A banalização do consumo de
substancias sintéticas, md / mdma e outras similares ou não,
incluindo os recentes 3 anos libertários de comercio e consumo de
substancias sintéticas desconhecidas;
- O alargamento de consumo de GHB;
- As recaídas
em heroína, cocaína, sedativos álcool em
doentes insuficientemente tratados com metadona ou buprenorfina;
- A assimetria e importantes carências de
tratamento de pessoas doentes com outra patologia psiquiátrica associada
à patologia adictiva - Patologia Dual;
- O mau uso e o desvio
de medicamentos;
- A mantida ausência de algumas respostas
para redução de riscos, necessárias, identificadas e que têm enquadramento
previstas na lei desde 2001;
- Dificuldades
reais em processos de reinserção / recuperação.
Resposta
A informação adequada às verdadeiras
necessidades da população é um direito dos cidadãos e pode ser uma boa ajuda,
nomeadamente para quem sofre de doença. de dúvidas ou de ignorância.
Resposta
Dispondo de pessoas com competência,
justificam-se. Se for apenas para dizer que existem não fazem falta. O que faz
a qualidade das respostas, das organizações, são as pessoas que lá trabalham, a
sua qualidade, entrega e competência.
Resposta
Melhorar, mudar para melhor.
Responder permanecente às necessidades
das pessoas e não para o agrado dos políticos que por uns tempos, gerem os
destinos das respostas preventivas, terapêuticas ou sociais de uma determinada
população.
Alguns ou muitos políticos envaideceram
com os ecos estrangeiros da descriminalização e adormeceram face à
realidade do nosso dia-a-dia. À assimetria de qualidade, seguiu-se
o próprio desinvestimento de trabalhadores, que não foi alheio ao assédio moral, uma
realidade também na saúde em Portugal: criar condições para que as pessoas
deixem os serviços. Uma realidade de que se não falou nem se fala... até por
medo.
Descentralizar a gestão e dar mais
capacidades à intervenção local, às políticas locais.
É em cada local que se conhecem as
necessidades e possibilidades de intervenção.
Se falarmos em dependência sem substâncias ou adições sociais, a situação
da prevenção e tratamento ainda é muito frágil, proporcionalmente inversa
à enorme dimensão de comportamentos de risco - verdades ocultas.
Mas há quem se revele muito satisfeito, como me disse há cerca de 3 anos o
político responsável por esta área: " ... estou muito satisfeito com a
minha equipa". Assim aconteceu e ouvi para meu espanto.