Comportamentos aditivos, liberdade,
políticas e saúde mental
ESTAR DEPENDENTE É UMA CONSEQUÊNCIA
Comportamentos aditivos, perda
de liberdade, políticas e saúde mental
Evoluir é necessário
Os comportamentos de risco em saúde e bem-estar devem ter respostas
adequadas, nomeadamente no âmbito da Educação e Saúde. Consumir é um
comportamento com riscos. Ficar dependente é uma consequência, um dos danos a
serem tratados por quem tenha competência. E a intervenção em Saúde Mental,
para ter eficácia deve ser, naturalmente pluridisciplinar.
Em Portugal (e em outros países), durante muitos anos, o Sistema Oficial da
Saúde rejeitou a ajuda a pessoas dependentes, incluindo a Saúde Mental. Apenas
em1973 surgiu a 1ª consulta diferenciada no Hospital de St Maria, Serviço de
Psiquiatria (Prof Dias Cordeiro)) e apenas 1976/77 a 1ª resposta oficial então
oficialmente colocada no Ministério da Justiça. Em 1987 surge finalmente a
resposta no Ministério da Saúde, com o CTaipas e restantes serviços que se
seguiram na criação da rede vertical de implantação de respostas, para num
futuro os profissionais e serviços voltarem a ser integrados na restante rede
nacional de saúde. Para essa rede SPTT/IDT, contribuíram muitos profissionais
das áreas sociais, e tratando-se de doenças, foram fundamentais os médicos, sobretudo
de Psiquiatria e de Medicina Geral e Familiar. Conheci largas dezenas e se
muitos aceitaram aprender para ajudar, muitos mais continuaram a... rejeitar
intervir.
Alguns mudaram de opinião e outros estão na mesma.
A Patologia aditiva, a dependência patológica, evidencia inegavelmente o
sofrimento que atinge a dimensão psíquica de quem sente, e muitas vezes, mas nem
sempre, a dimensão física.
Entre nós, muitos Médicos de Medicina Geral e Familiar cuidam
abundantemente do sofrimento mental dos seus doentes. E quando necessário
articulam com os Serviços de Psiquiatria. Mas é verdade que alguns, por várias
razões, não cuidam dos que sofrem de patologia aditiva.
Entre nós, muitos Psiquiatras e cada vez mais os mais jovens cuidam
abundantemente de doentes que sofrem de patologia aditiva.
Os serviços de Saúde Mental têm que assumir plenamente as suas
responsabilidades. Já o tenho dito e escrito. Aumentado o conhecimento e
quebrado o estigma, também em devido tempo deixou de haver serviços verticais
para a lepra, e para a tuberculose.
Em Portugal, desde há uma década de anos, pelo menos, o que temos visto a
descarrilar, manifestamente revela o que se fez ou não fez com competência. Da
publicidade que se reconhece, para mal da saúde e bem-estar, destaca-se o
avanço de comportamentos com riscos.
Quanto ao tratamento e recuperação de quem adoeceu, apesar da publicidade
que se reconhece, as assimetrias atingem a dimensão da amargura em doentes e
também em quem para eles trabalha. Há profissionais que têm MEDO de dizer o que
pensam, com receio das avaliações que possam surgir. A graxa voltou ao
departamento. “Não posso falar muito porque ainda estou lá dentro” MF
profissional de enfermagem.
A agonia que existe em alguns serviços, a mágoa que existe em doentes e
profissionais, o que falta na redução de riscos e na recuperação, o descontrolo
na procura, ultrapassa-se com competência profissional e verdade, e não com a
complacência com a inércia e satisfação de responsáveis técnicos e políticos,
existentes desde há mais de uma década. Ainda há 3 anos ouvi da boca do
responsável do MS a sua satisfação com a sua equipa… Quem quer sobreviver
flutua na crise, para agradar a quem manda, de alto a baixo.
É preciso mudar, para servir quem necessita… Porque sou livre a pensar sou
pela mudança.
A formiga no carreiro vinha em sentido diferente… ZA
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