sábado, 26 de novembro de 2022

Na NOITE consumos de substâncias psicoactivas

Pela NOITE, consumos de substâncias psicoactivas

Luís Patrício
Médico Psiquiatra
Autor do projecto pedagógico MALA da PREVENÇÃO
facebook.com/maladaprevencao.drluispatricio
http://maladaprevencao.blogspot.com/ 

Texto elaborado para respostas a perguntas
da Jornalista Raquel Lito - Revista Sábado


Frequentadores da Noite no Bairro

Conheço pessoas que, por períodos da sua vida, com alguma regularidade frequentaram ou frequentam a noite no Bairro.

Mas, as pessoas que estejam num adiantado estado de dependência já não frequentam locais de diversão, ou fazem-no muito pouco. E quando se recuperam mudam de sítio.

Quem vai para a noite é porque tem desejo de convívio, e a mínima capacidade financeira para pagar e curtir a noite.
Naturalmente que nem todos fazem consumos abusivos.
Percebe-se que, quem sabe consumir, fica bem consigo e com os outros. 

São pessoas comuns, consumidores festivos, adultos, jovens e também adolescentes.
Combinam e frequentam conhecidos lugares da noite para sua diversão, mais populares ou mais elitistas.

Chegam individualmente, aos pares ou em grupo.
Veem-se nas ruas de acesso, depois das 23 h ou mais tarde, sobretudo na 5ª, 6ª ou sábado.

É comum ouvir que as pessoas se encontram no Bairro Alto onde convivem e alguns descem para o Cais (Cais do Sodré).

Desde há muitos anos que os mais jovens adolescentes, pouco tempo ficam no Bairro e vão para Santos. Há quem vá directo. Podem vir de longe e só regressam a suas casas quando já há transportes públicos.
Quem desejar saber mais, pode ouvir a crueza do que disse e está gravado, sobre jovens adolescentes, maioritariamente meninas, e comportamentos de risco, também no Bairro Alto, associado a consumos de substâncias e a sexualidade de risco.
Ver em https://www.rtp.pt/play/p380/e125582/causas-publicas Antena 1 RTP Programa Causas Públicas, Dependências, com Filomena Crespo e Luis Patricio. 

Depois do Bairro, os consumidores de sustâncias legais e ilegais, que querem e que podem, descem para o rio e prolongam a diversão durante as manhãs nas after, “onde alegadamente pode mesmo “haver de tudo”.
Quem desejar pode ouvir de viva-voz, o que nos disse quem sabe, em Drogas na noite. Só não vê quem não quer. 2019.
Ver em https://youtu.be/8JMYlixh32E. https://www.youtube.com/@psimedicina/videos

O álcool é, manifestamente, a substância psicoactiva mais consumida no Bairro.
Foto de Mariline Alves
 
Obviamente que nem todos os que consomem são consumidores abusivos. 

Recordo que consumo abusivo é o que provoca danos ao próprio ou outra pessoa.
Mas, há muito abuso.
Muita "oferta", até com publicidade na rua.
E há muito consumo rápido em quantidade e barato.´
É comum “beber alguns shots e mais umas jolas”.
Pelo comportamento na rua, vê-se muita gente bem tocada e alguns manifestamente embriagados.

Muitos momentos festivos são para muitos consumidores, não para todos, momentos de consumos abusivos.
Uns ficam um pouco mais relaxados ou eufóricos, outros, mais abusadores ou mais sensíveis, ficam embriagados, agressivos ou paranoicos também de acordo com as substâncias consumidas.

Em espaço aberto veem-se muitos consumidores com álcool e canábis.
Há ainda quem, para consumir, diga levar para a noite uma garrafa com substâncias sintéticas diluídas em água ou sumo.
Neste caso não é usual consumirem álcool, mas fumam tabaco ou canábis.

Na periferia do Bairro, há grupos de pessoas mais jovens, que fazem a vaquinha e que levam bebidas alcoólicas destiladas, vinho e cervejas e até sumos ou cola, e assim fazem a sua diversão, no exterior com a sua música e também fumando canábis e tabaco.

Em espaço fechado, pelo que ouço, alegadamente haverá que juntar ao consumo de álcool a branca cheirada (cocaína), o que faz aumentar significativamente a ingestão de bebida alcoólica, sem a pessoa sentir esse efeito. 

É comum as pessoas referirem que a canábis e a coca o que se arranja no Bairro é um engano.
No Bairro é banhada, quase sempre é falso ou marado”. 
Assim ouvi: “No Cais a primeira branca ainda pode ser boa, mas a seguinte é banhada”.


Qualquer consumo de substâncias de origem desconhecida envolve ainda mais riscos para a Saúde.
E a mistura de substâncias ainda mais potencia esses riscos.

Podemos dizer que a grande maioria dos consumidores ditos festivos, faz policonsumo. Claro que têm as suas preferências para a diversão, mas poucos são fiéis a uma substância.

Com a mudança, das horas para fechar mais cedo e, com o confinamento, a noite, o movimento, caiu bastante, mas o Bairro sempre é o Bairro".

Quem tiver interesse em saber mais poderá ver o que publicámos. https://www.facebook.com/maladaprevencao.drluispatricio/videos/1533258016804318/ https://fb.watch/gWigMuCliC/ Mala Da Prevenção Dr Luís Patrício esteve em direto. (do Bairro) 13 de Abril de 2019 · 
(De)BALDES nos RESTOS de + 1 NOITE de COPOS (no Bairro)
Se na “Diversão” o consumismo de ÁLCOOL é o padrão Se para a “Oferta” como se vê “nestes dias o negócio está fraco” e o consumo é com a recomendada moderação de cada um...

Na “Procura” também parece haver moderação em Prevenção.
Na Prevenção há muito esquecimento, ausência ou ignorância ou moderação na qualidade e na quantidade. Assimetrias... 
Consumismo e ignorância do consumidor: mais duas décadas de engano e aumento permanente. https://fb.watch/gWiMAdEaLN/ 
https://fb.watch/gWiPqPVAFa/ 

Testemunho de uma adolescente Canabis Alcool De dia e na noite 2010 2016 
https://youtu.be/WvBrC2L3QDU 
Uma adolescente consumidora de canábis descreve as suas vivências na relação com as autoridades, o consumo com colegas no parque, na escola, as saídas para a noite e o acesso a bebidas com álcool. A simplicidade das verdades, a realidade de quem conhece. Também passa pelo Bairro Alto

Para além do Bairro há mais locais de diversão, como faço referência no meu livro novo Droga Desmitificada e Outras Violências (em preparação). 

“Interesses e riscos aditivos Parecem evidentes para muita gente, neste século e entre nós, os interesses em actividades com riscos aditivos, por exemplo com álcool, tabaco, jogo, canábis, coca e écrans. Em Portugal é inevitável falar do aumento, brutal em alguns contextos, do uso e o uso abusivo de bebidas com álcool, nomeadamente em jovens. Há que assumir que o álcool, é a substância legalizada, cujo mau uso mais danos provoca em consumidores e familiares. E como actividade legalizada, também é inevitável falar do aumento do consumo e uso abusivo de jogo, nomeadamente do jogo a dinheiro, que nem é nada ingénuo nem nada inocente. E como actividade não legalizada, também é inevitável falar do aumento, e de forma brutal em alguns contextos, do uso e do uso abusivo ilegal e banal de derivados de cannabis, produtos de qualidade desconhecida desde há muitos anos. E como actividade não legalizada, também é inevitável falar do aumento e, de forma brutal em alguns contextos, do uso e do uso abusivo de cocaína (cloridrato) para cheirar/ snifar, e de cocaína base (cosida ou crack) para fumar no cachimbo. E como actividade não legalizada, é inevitável falar também do aumento do uso abusivo de substâncias sintéticas, sem controlo, nem crédito de qualidade. LSD, anfetaminicos, md, mdma, GHB, ketamina, entre outras substâncias psicoactivas. 
Segundo testemunho de AB de 17 anos, que conhece a realidade, a abundância “é mesmo verdade. anda tudo esfumaçado. Em Junho, numa festa num espaço aqui… em (Lisboa) havia MD a 7 paus. E havia Ácidos, Keta em pó, álcool; a branca era acessível. Estava tudo esfumaçado. Eu estava todo bezerrado. Não gosto do sabor das anfes (anfetamina) e meti uma bombinha ”. GHB também anda por aí.

As verdades sobre consumos abusivos em Portugal, em ambientes de diversão, em concertos, em festivais e festas. Legais ou ilegais, na noite e nas afters , nos bares, em esplanadas, nos estádios, ouvem-se de todos os lados.
E também se pode ouvir falar de verdades dos consumos abusivos em casa e também no meio escolar, básico, secundário e superior.

E a hipocrisia face a este consumismo e situacionismo, alegadamente exitoso, como que libertário, ouve-se frequentemente e de muitos lados. 

Vivemos, alegadamente, uma situação de demagogia da liberdade de consumo e sem limites no consumismo.” 
Alegadamente, "muita branca (cocaína) alimenta o grande aumento do negócio do álcool".

Luis D Patricio
21- 11- 2022