O VALOR DA LIBERDADE e a FARSA
O DESVALOR ou FARSA da LIBERDADE sem RESPONSABILIDADE
Por Luis Duarte Patrício
O DESVALOR ou FARSA da LIBERDADE sem RESPONSABILIDADE
Por Luis Duarte Patrício
Médico psiquiatra
No mundo ocidental, que ainda é reconhecido por muitas pessoas como o mais desenvolvido, e na Europa ocidental (e também em Portugal), aconteceu nos finais do século passado mais uma significativa mudança cultural.
Foi desenvolvida mais uma radicalização de atitudes e de comportamentos dos seres humanos, ou melhor de alguns seres humanos que fazendo de modelo, contribuíram para o questionamento e desorganização de parte significativa do ambiente social dominante.
O mau uso e abuso de substâncias, reconheça-se ilegais e legais, certamente que não surgiu por acaso, nem continua a desenvolver-se por mero acaso.
Pelos interesses que envolve, pelos interesses que desencadeia e apesar dos danos que provoca na saúde, (e talvez também por isso), o consumismo de substâncias faz parte dos meios que permitem a alguns “beneficiários”, atingir os seus objectivos.
Pelos interesses que envolve, pelos interesses que desencadeia e apesar dos danos que provoca na saúde, (e talvez também por isso), o consumismo de substâncias faz parte dos meios que permitem a alguns “beneficiários”, atingir os seus objectivos.
De entre estes objectivos destacam-se, e são motivo de preocupação nomeadamente pelos que não aderem à “moda”, os que fragilizam o Homem e assim fragilizam também a organização familiar e comunitária, a comunidade.
A existência de fragilidades humanas e sociais, o sofrimento, a pobreza e até a miséria de outros, é para alguns homens a possibilidade de criarem ou recriarem poder. Alguns criam a autoridade autoritária, nomeadamente quando não têm o conteúdo e a honra do saber.
Estando nessa condição de falsa força, que de facto evidencia a sua fragilidade, manipulam e usam algum poder, seja com a sua palavra, seja utilizando o medo que a droga desencadeia.
Há ainda quem use e manipule a palavra do poder e faça jogos para obter influência. Tornam-se ditadores em redor da “droga”, na casa onde habitam e mandam, no bairro onde vivem, no local onde se empregam e manipulam, porventura no país onde governam.
Mesmo fora do pequeno mundo de cada pessoa, percebemos que os interesses geopolíticos e financeiros não são novos, mesmo da parte dos países do chamado mundo ocidental.
Temos como testemunho deste facto o que aconteceu, do passado para o presente na América do Norte, com a importante quantidade de trabalhadores orientais dependentes de ópio e de álcool, e mais tarde a quantidade de cidadãos dependentes de álcool e de cocaína.
Também na Europa é significativa a quantidade de cidadãos dependentes de álcool, de tabaco, de cannabis e de estimulantes legais e ilegais.
A promoção de atitudes consumistas…
A promoção de atitudes consumistas…
A promoção das contemporâneas atitudes consumistas como sendo um valor, já fez muito caminho e deixou rasto bem visível. Recriou-se na sociedade a moda dos abusos, das atitudes do excesso do consumo.
E há que reconhecer que surgem em certos ambientes, de entre outros abusos, a moda e o culto do desprezo por alguns valores, inclusive pelo valor da saúde, física, psíquica e social.
Assim, foi aberto ou reaberto, o espaço individual, familiar e social, para novos trilhos ou caminhos. Quando digo reaberto, penso no que terão sido os chamados anos loucos, do início do século passado e, muitos séculos antes o que foi o tempo que antecedeu o declínio do Império de Roma.
Aprende-se com os outros ou é-se sempre original?
Em muitas nações, na Europa e também em Portugal, o chamado “fenómenos da droga”, surgiu como uma oportunidade muito apelativa, um caminho a fazer com deslumbramento, nomeadamente por quem não tem conhecimento ou para quem tem carências na educação.
Os consumidores de substâncias foram descobrindo novas formas de uso e foram ensinando essa forma deslumbrada de ver ou de não ver o Mundo.
Os cuidadores, os que procuram controlar a oferta e reduzir a procura, foram aprendendo, foram-se “formando” e diplomando, recorrendo à experiência, ao empirismo ou ao saber que as ciências podem facultar.
Na Europa Ocidental, após os anos sessenta do século passado, surgiu um período de intensa actividade de estudo, de militância, de intercâmbios e de avanços na compreensão e tratamento das dependências patológicas.
E no final do século, após esse período expansivo mas incompleto, foi diminuindo o nível da exigência que poderia ajudar a construir um futuro com mais condições para o bem-estar do Homem.
Quando há menos exigência na qualidade, cria-se espaço para aumentar o facilitismo. E assim sendo tolera-se tudo, ou quase tudo, porque o vazio não perdoa.
Quase no final da passada década de noventa, disse-me um colega que na sua terra (Escócia), se tornava evidente que havia jovens que decidiam onde militar politicamente, não de acordo com nobres razões ideológicas, mas sim por razões pragmáticas, calculando qual o partido politico que iria gerir o poder no prazo de 10 anos.
O vazio não se tolera nem se aceita, pelo que tem que ser substituído por algo que estando lá colocado ocupe esse espaço. E se não houver selecção nem cuidado, o que vai ocupar esse espaço pode não ser a melhor solução para a situação, nem o que era necessário para melhorar a situação.
Pode ser apenas o que é possível, porventura conveniente e, quem sabe… benéfico para alguém, num contexto imediato. Assim também pode ocorrer com a cunha, o padrinho e o afilhado.
Para preencher algum vazio, numa sociedade consumista há quem coloque/utilize substâncias ilegais ou legais.
E também há quem coloque/utilize pessoas convenientes ou inconvenientes para gerirem os bens da comunidade.
Necessário ou conveniente?
Muitas vezes, de facto assim tem acontecido pelo Mundo e mesmo na Europa, no chamado mundo da droga, e até no mundo da chamada prevenção da droga, e mesmo até na gestão da causa técnica ou pública.
Ainda há nações onde os cuidados para pessoas doentes por dependência estão prioritariamente na alçada dos serviços da justiça.
Ainda há Estados onde a educação para a prevenção do consumismo e para a defesa do meio ambiente, estão fora do alcance das responsabilidades dos intervenientes e dos decisores em educação e saúde.
Ainda há Estados onde a educação para a prevenção do consumismo e para a defesa do meio ambiente, estão fora do alcance das responsabilidades dos intervenientes e dos decisores em educação e saúde.
Boa parte da responsabilidade pela criação dessa situação, empobrecida e empobrecedora, terá que ser dirigida para a anterior geração que não teve, ou a sorte ou o saber ou a capacidade de educar a geração seguinte, e assim sucessivamente.
Por exemplo, em muitos países da Europa e fora da Europa, houve pessoas que não tendo formação/instrução, ou que tendo uma instrução de facto medíocre para as necessidades, foram colocadas em actividades para as quais nunca tiveram competência ou para as quais ainda não tinham competência. E armadas de poder (transitório) julgam-se erradamente competentes pelo saber (em construção contínua).
Quem comete a falta de propor pessoas dessas tem um comportamento insuficiente. E medíocre é a atitude da pessoa que aceita.
Uma incompetente aceitação dessas funções significa que a pessoa tem ambição. Mas a ambição pode ser também uma atitude de pessoas com comportamentos medíocres.
Para muitas destas pessoas de ambição, que porventura não receberam educação para a cidadania, a democracia parece ter como risco o usufruto da liberdade sem o indispensável uso da responsabilidade.
E tratando-se da gestão de um bem como a Saúde, uma situação destas pode ter pelo menos, contornos do risco do caricato ou até mesmo de arrogância e desprezo.
Com o que a vida já nos ensinou nesta Europa a envelhecer, podemos dizer que algumas dessas pessoas tornaram-se capatazes sem saber nem responsabilidade, ditadores na sua efémera gestão da quintarola do poder, mandões no que não produziram e que é pertença da comunidade. Outros tornaram-se bobos da sociedade onde a farsa se desenrola. E outros tornaram-se burlões.
E nas fases ou épocas de festança (festa ruidosa), mesmo daquela que é feita por conta dos resultados positivos resultantes do esforço de outros, ou da festança (festa ruidosa) que é feita por conta de empréstimos e calotes que se acumulam, gastam o que se não produziram.
Quem não sabe de atitudes consumistas e de farsa seja na desbunda de fim de semana, no casamento de fausto, nas "férias de sonho", ou no almoço ou jantar de trabalho em restaurante de luxo ?
Assim se desgastam os bens que foram acumulados, bens materiais, bens de família, os recursos dos humanos, e até em outras áreas, também se desgastam as capacidaddes dos profissionais dedicados, como sendo num registo acelerado da euforia de tudo gastar, de hipomania ou mesmo mania.
Quem sendo pobre de capacidades, tem o azar de aceitar um palco seja por empurrao ou seja por missão, evidenciará em tempo adequado a pobreza da sua falta, na compreensão e no saber.
Há quem na falta da riqueza de conteúdo e de forma, e até mesmo de abundância material ou de dignidade pessoal, e por aspectos da sua personalidade entre na roda-viva para tentar promover o esfacelamento moral de quem lhe parecer saber mais, ou ter mais capacidade.
É uma atitude de farsa essa atitude de roda-viva de fazer de conta que se é abastado, como se nessa matéria fosse conhecedor examinado, bem avaliado e perito aprovado.
Para defesa da honra e promoção da saúde mental temos que evitar estes riscos.
Há que estar atento para poder rejeitar a eventual tentação de ser farsante, seja em nossa casa, seja na Europa, seja em outra região do Mundo.
Sejamos claros e aprendamos com o que nos ensina o dicionário: um farsante é um aldrabão.
Sejamos claros: contrariamente a todas as dependências patológicas, a liberdade é um bem, e é vantajoso que, como bem que é, a liberdade seja gerida com responsabilidade.
A seguir:
A vergonha de trabalhar ou a honra em trabalhar
Há quem na falta da riqueza de conteúdo e de forma, e até mesmo de abundância material ou de dignidade pessoal, e por aspectos da sua personalidade entre na roda-viva para tentar promover o esfacelamento moral de quem lhe parecer saber mais, ou ter mais capacidade.
É uma atitude de farsa essa atitude de roda-viva de fazer de conta que se é abastado, como se nessa matéria fosse conhecedor examinado, bem avaliado e perito aprovado.
Para defesa da honra e promoção da saúde mental temos que evitar estes riscos.
Há que estar atento para poder rejeitar a eventual tentação de ser farsante, seja em nossa casa, seja na Europa, seja em outra região do Mundo.
Sejamos claros e aprendamos com o que nos ensina o dicionário: um farsante é um aldrabão.
Sejamos claros: contrariamente a todas as dependências patológicas, a liberdade é um bem, e é vantajoso que, como bem que é, a liberdade seja gerida com responsabilidade.
A seguir:
A vergonha de trabalhar ou a honra em trabalhar
E facilimo arranjar...
ResponderExcluir"Ela" esta em todo o lado...
R. :)
Bem-haja R:) pelo comentário que me suscita outro comentário.
ResponderExcluirÉ verdade que ela está em toda a parte.
Seja ELA a substância psicoactiva melhor dizendo, ou apenas ELA por assim dizer, antiga ou moderna, cara, barata ou gratuita, representada, oferecida ou comprada, bem aviada, mal aviada ou muito ferrada, natural, semi-sintética ou sintética, culturalmente aceite ou rejeitada, promovida com publicidade e marketing globalizante ou com o método muito eficaz do boca orelha, no diz-se diz-se, socialmente promovida ou ignorada, de rua ou de farmácia, tradicional ou vanguardista, legal ou ilegal, livre de impostos ou sobre taxada, dita de progressistas ou de conservadores, de artistas ou criativos, de preguiçosos ou de frustrados, recreativa ou dopante, de alegria ou de tristeza, para aguentar ou para alienar, enganosamente chamada de leve ou de pesada, de ecológica ou de química, de quente ou de fria.
O importante é que tenhamos o saber e a capacidade de poder escolher o que usar e quando usar, mas sempre de moda que a saúde, a qualidade de vida não seja posta em causa. Nem a nossa qualidade de vida nem a qualidade de vida das pessoas de quem gostamos, que de nós gostam, que de facto nos estimam.
E também temos o direito de gostar de nós, nomeadamente das partes boas e sadias que todos temos.
Quanto às outras partes, só nos fica bem fazer um esforço de tentativa de mudança.
Ser perdedor de qualidade de vida, da saúde é que não, isto é ser “otário” é que não.
Escolher o que entra no nosso organismo deve que ser sempre uma opção nossa, uma escolha consciente e deseja-se que seja sempre uma decisão a favor da saúde e do bem-estar e não a defesa ou a promoção de interesses de outros contra a nossa saúde.
Luís Patrício