sábado, 14 de março de 2015

CANÁBIS, DEBATE ADIADO, DISCERNIMENTO ATRASADO, BENEFÍCIO PARA QUEM?


CANÁBIS e demais substâncias

DEBATE ADIADO


DISCERNIMENTO

ATRASADO 

O benefício é para quem?



CANÁBIS   ( ERVA, RESINA, ÓLEO )

Falamos de erva, de resina ou de óleo?

Quando ?     Como ?     Porquê ?


Falta-nos muita Educação.

Até é grande a carência de Educação Cívica!

Defendo que se promova muito mais

Educação para a Saúde


Veja, oiça estratos do programa Opinião Pública na SIC Notícias.
https://www.youtube.com/channel/UCCRCPCBVQZzaNJZlU2SENOA


Há muita falta de Educação para a Saúde

A propósito do debate público sobre o uso de canábis, aqui partilho mais algumas reflexões, para que se saiba...

Se o debate continua adiado, o discernimento continua atrasado

Por Luís Duarte Patrício
Médico Psiquiatra
Chefe se Serviço

O consumo de substâncias psicoactivas têm-se alargado. Na verdade este tipo de consumo tem sido objecto do interesse de populações cada vez mais jovens. 
Para todos estes milhares de consumidores, a chamada Prevenção Primária falhou no objectivo de evitar o uso.

Para estes milhares de consumidores, a prática de Redução de Riscos é um benefício bem como a Minimização de Danos eventualmente provocados pelo uso de derivados de canábis, a que se juntam ainda os que são provocados pelo uso simultâneo de tabaco. 

Qualquer pessoa que pense com conhecimento, percebe que a junção dos fumos produzidos na queima da mistura canábis+ tabaco, significa o aumento dos riscos e dos danos inerentes ao fumo de cada uma destes produtos.

Canábis  - RESINA / haxixe, pólen
Qualquer pessoa que pense com conhecimento, percebe que fumar resina de canãbis pode envolver riscos inerentes às substâncias que existem na resina (denominada de haxixe, pólen, bolota, etc, ). 

Quem está atento à realidade percebe que este produto, maioritáriamente importado, tem estado cada vez mais acessível em Portugal, seja no mercado de rua, seja com entrega ao domicílio.
Quem o consome, na verdade não conhece a composição real do que consome, dado que pode fácilmente ser adulterado com outros produtos.

Qualquer pessoa que pense com conhecimento, percebe que fumar erva de canábis, (denominada erva, maconha, paginha, soruma, boi, liamba,  marijuana) envolve menos riscos do que fumar resina de canábis/haxixe, pólen, bolota.

Acontece ainda que há consumidores que consomem, que fumam a erva sem a misturar com tabaco, o que significa não agravar ainda mais os riscos para saúde com os riscos do tabaco. Consomem erva e não consomem tabaco.
Mas o fumo de erva não é isento de riscos: a erva não é inocente. E cada vez mais há qualidades de erva que contêm muito maior concentração de produtos psicoactivos do que a erva dos anos sessenta. 

Canábis ERVA
Para a saúde do consumidor, pior do que fumar erva, é fumar erva+tabaco.
Pior que fumar erva de canábis é fumar resina de canábis /haxixe, pólen, bolota

Em Portugal têm-se tornado cada vez mais evidente que qualquer pessoa que deseje consumir canábis pode fazê-lo, nomeadamente resina/haxixe, pólen, bolota, chamon
Dois charros e uma ponta
Pode ir comprar à rua e até pode mandar vir para casa, desde que tenha os contactos, habituais entre consumidores de todas as idades, de estudantes a profissionais. 

Mais difícil é arranjar "erva", mas também se arranja.
Esta realidade claramente tem aumentado desde o ínicio deste século e não vale a pena negar, pena esconder: a oferta está banalizada.





Se queremos promover a EDUCAÇÃO para a SAÚDE
a estratégia e modelo da Prevenção realizada tem que ser revisitada

Prevenção
 sem Educação é "zero".
Prevenção sem Educação Cívica, quase nada vale.
Queremos que as pessoas sejam mais cultas.
A sociedade não está esclarecida
Há muita falta de Educação.

No meu último livro Politicas e Dependências,  defendo tal como outros colegas no estrangeiro e, porventura em Portugal alguns também haverá, que devemos considerar o benefício que possa existir na utilização de determinado tipo de substâncias que estão fora da lei.
E as leis mudam-se.

Quem compra resina (haxixe, pólen, bolota)

não sabe o que compra

Quem compra têm que frequentar meios indesejáveis e não sabe se compra produto adulterado. Mas se produzir em casa...

Se puder ter em casa uma alternativa numa perspectiva de redução de riscos...
Ponta de charro no jardim junto à escola
Perante a possibilidade de ter em casa uma planta, autocultivo para uso próprio, não para comércio, passaria a ser a Família, no caso dos menores, a assumir a responsabilidade sobre aquele comportamento de consumo, como assume ou deve assumir com o álcool e com o tabaco.



Ponta de charro no jardim junto à escola
Isto quer dizer que as Famílias têm que ser informadas. Têm esse direito, direito a não estarem ignorantes. Mas isso é o que nós queremos. 

Queremos que as pessoas saibam mais, que pensem e sejam mais cultas. Haja quem informe, quem ensine e com muito mais eficácia. 

Basta de ignorância.

Ponta de charro no jardim junto à escola
Quando as pessoas  estão informadas, fazem o que fazem com mais responsabilidade.

As pessoas têm que reconhecer os interditos e a sua necessidade.

Em termos de redução de riscos é diferente o uso de canábis erva do uso de canábis resina.



Há um desbaratamento de oferta
de substâncias em Portugal

ÁLCOOL
MAU USO E ABUSO DE 

A IGNORÂNCIA 

DE QUEM CONSOME E DE QUEM DISCURSA


Despudorada cobertura legal facilita precoce fidelização de consumidores




Em Portugal também tem sido desde há uma década uma realidade triste o aumento do abuso de bebidas com álcool, nomeadamente entre adolescentes. Este aumento é mais evidente desde o ínício deste século.

Esta é também uma evidência de falha na Prevenção Primária.

Mas se a Prevenção Primária não resultou ou não foi feita devidamente, tem sido um sucesso a promoção do consumo de álcool, nomeadamente entre jovens, e que resultou claramente.

ACESSO PRECOCE

Em Portugal foi POLITICAMENTE criada uma lei para LEGALIZAR a VENDA de bebidas fermentadas a cidadãos maiores de 16 ANOS.

Sabemos que neste país há quem fale de álcool e dos seus danos/doenças, como se fosse perito nesses assuntos. Quem assim faz exibe a vitrine e oculta o desconhecimento. Muitos destes, quando mudam de lugar, de função ou de tacho, abandonam o assunto.

Nesta terra de consumidores é vergonhosa a ignorância sobre o uso de bebidas com álcool e a relação com a saúde.

Por exemplo muitas gente bebe "à saúde" o que não dá saúde a ninguèm. Devem ser ensinados a saber beber e a beber "ao prazer", se por acaso têm prazer nesse consumo. Assim são mais verdadeiros.

Neste país também há pessoas que não podem consumir bebidas com álcool, pessoas que perderam a liberdade na relação que tinham com o álcool: criaram uma relação de dependência.

É preciso que se fale mais, muito mais sobre o álcool,
com mais competência, com melhor saber.

É o saber e trabalho clínico / experiência clínica de quem trabalha e informa, que credibiliza a informação que reforça a motivação.



COCAÌNA BASE na rua

A cocaína e a base/crack, uma realidade para muita gente

Também tem sido uma realidade o incremento do uso de cocaína.
A cocaína chamada de branca está em muitos sítios e nalguns é mais fácil comprar a cocaína cozida, chamada de base ou crack para fumar ou injectar do que comprar a branca para snifar.

E sabemos que o álcool misturado com cocaína piora a situação de saúde do consumidor, porque quando se mistura álcool com cocaína cria-se uma terceira substância, cocaetileno, muito mais agressiva.

Os consumidores de susbatâncias psicoactivas, legais e ilegais, dizem que há muita oferta de outras susbtâncias ilegais. E quem compra substâncias sintéticas de rua, md, mda, ácidos, speed, etc, não sabe com segurança o que compra.
Nem quem adquire pela internet.

Devíamos ser informados sobre a verdade do que é consumido, pelo menos os profissionais de saúde que trabalham no tratamento de consumidores que adoeceram por terem consumido.

Desde há muitos anos que apelamos para que as autoridades assumam uma atitude muito necessária e útil: informar sobre o que anda a ser consumido em determinada região. Em minha opinião este é um dever ético e estratégico.

Há locais de consumo
Em Portugal temos salas para consumir álcool, sitios para consumo de tabaco.
Em Portugal, ainda não há salas para consumir substâncias por via intra venosa, ainda que a lei de 2001 o permita.
Em muitos países europeus estas salas existem há muitos anos.
Em Portugal o consumo IV fez-se onde se pode, em qualquer sítio, sem garantia de cuidados de higiene.
Se nas prisões continua a não haver programas de troca de serinhas, isto acontece por incapacidades inaceitáveis.



Há muita PREVENÇÂO para fazer.
A melhoria passa pela Educação... passa pela Educação.
Pela Educação dos próprios profissionais de saúde.

Quem trabalha com os doentes, ouve, escute, interage com os doentes e com s seus familiares.

Muitos profissionais  vão à realidade dos consumidores que adoecem, conhecem os seus sítios.

Naturalmente que o que vêm pode incomodar e, também pode incomodar.o que transmitem, o que partilham, o que não silenciam.


E preciso falar, reconhecer a verdade toda enão limitar a verdade para conveniência dos poderes.


Os serviços de saúde que têm competência,
devem infomar os cidadãos sobre a situação em que estamos.

Importa actualizar o saber que a ciência nos faculta.

Os serviços responsáveis de saúde devem dizerclaramente, o que se passa em cada região, o que se passa no país.






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