quinta-feira, 23 de junho de 2011

Patologia Dual e Comportamentos Aditivos UNIDADE DE ADICTOLOGIA


DEPENDÊNCIAS PATOLÓGICAS

PARA MELHOR
 COMPREENDER E INTERVIR


UNIDADE DE ADICTOLOGIA
Casa de Saúde de Carnaxide
TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIAS PATOLÓGICAS
Abuso e dependências de substâncias / droga
Abuso e dependências sem substâncias
E DE OUTRAS DOENÇAS NERVOSAS ASSOCIADAS

Por Dr. Luís Duarte Patrício


Consumo e sofrimento com substâncias/droga
DROGA e DEPENDENCIA, são palavras que uma pessoa associa facilmente a inquietação e sofrimento.
Na verdade, actualmente, tudo o que está relacionado com a palavra droga é inquietante para a saúde e bem-estar de muitas pessoas de todas as idades.
Mas o que ainda piora a situação é a ignorância sobre este assunto que ainda existe em muitas pessoas. Á ignorância corresponde a falta de orientação necessária para resolver situações de sofrimento que ocorrem todos os dias.
Há muitas pessoas, jovens e menos jovens, que se iniciam no consumo de mau uso e de abuso de substâncias psicoactivas, vulgarmente conhecidas por droga.
Os diversos motivos para fazer esse consumo podem ir desde a curiosidade até ao consumo como tentativa de aliviar algum sofrimento.

Muitas dessas pessoas nunca desejaram vir a sofrer por causa desses consumos de mau uso e abuso de substâncias.
Muitas nunca pensaram ficar dependentes dessa substância.

Também há muitos doentes que sofrem de patologia mental, e que fazem consumos de mau uso e de abuso de substâncias psicoactivas. Alguns sem o desejarem desenvolvem situações de dependência de substâncias de abuso, legais ou ilegais.

Sofrimento com substâncias/droga
O sofrimento pode ocorrer em quem consome.
O sofrimento pode ser provocado por indesejáveis efeitos do consumo das substâncias ou dos produtos de corte, nomeadamente:
·  sobredose, intoxicação
·  efeitos secundários sobre algum órgão ou sistema
·  reacções inesperadas, etc.

Mas na realidade com frequência surgem outros sinais e sintomas que evidenciam o sofrimento.
Não são raras as
·  Perturbações da ansiedade
·  Perturbações do humor
·  Perturbações da percepção da realidade.

Mas também ocorre sofrimento quando a pessoa dependente, está em carência de consumo, quando está em privação aguda, situação conhecida por ressaca.
O sofrimento que acompanha estes doentes é muitas vezes a principal razão da recaída em mais consumos que danificam a saúde.

Negar o que se passa, o sofrimento
Fazer de conta que tudo está bem, é apenas mais um engano.
Há e haverá sempre quem faça de conta que tudo está bem, mas essa atitude apenas permite que a doença avance.
E sempre que a doença avança, a situação piora perdendo o doente a auto estima e o crédito de quem o possa ajudar.

Quem está fragilizado precisa de apoio e um engano é sempre uma violência acrescida.
As pessoas têm que compreender que muitas vezes o consumo de uma substância, legal ou ilegal, não é mais do que uma atitude de auto medicação, mais uma tentativa de (falso) tratamento de um sofrimento não clarificado.

Compreender para evitar o equívoco
Na prática clínica é frequente estarmos com pessoas doentes que apresentam sintomas que evidenciam o sofrimento, mas sem evidenciar as causas mais profundas desse sofrimento.
Assim acontece por vezes quando existe sofrimento psicológico, que testemunha a falta de bem-estar e de saúde mental.
E perante esse sofrimento, a pessoa está doente, está numa condição de maior fragilidade. Nessa condição pode ter mais dificuldade em fazer boas opções.
Por isso há quem procure “qualquer coisa” que ajude, ou uma resposta mais acessível, imaginando que tenha eficácia, pelo menos no imediato.
Quantas vezes o doente fez internamentos para tratamento de desintoxicação sem que tivesse sido tratada a patologia de fundo?
Quantas vezes essa patologia não foi ou não pôde ser diagnosticada?
Infelizmente o equívoco ou até o engano ainda é muito frequente.
Os profissionais e os serviços têm que estar preparados para responder à patologia associada.
Respostas para tratamento
Durante muitos anos o tratamento a que alguns chamam de “clássico”, procurou, por diversos meios, mais elaborados ou menos elaborados, retirar a “droga” do doente ou retirar o doente da “droga.”
As recaídas eram muito frequentes e por muitos tidas como inevitáveis.
Para fazer face a situações difíceis, não há soluções fáceis.
Muitos doentes e seus familiares já perceberam que a boa vontade não chega.
Muitos já perceberam que o facilitismo, as desintoxicações avulsas, que as promessas fáceis um engano.
Ninguém pode garantir resultados antes de qualquer intervenção.
A ética face ao tratamento em adictologia tem merecido a atenção dos profissionais.
É patente que existe preocupação em anular os abusos por vezes escandalosos, verificados em vários países europeus.
O panorama está a mudar na Europa.



Respostas actuais em adictologia e saúde mental
Cada vez mais os médicos psiquiatras assumem com responsabilidade e competência a sua intervenção em adictologia.
Cada vez mais os médicos psiquiatras manifestam a sua preocupação e interesse em compreender que, por detrás dos consumos se pode encontrar algumas das razões dessas recaídas.
Cada vez mais os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos psiquiatras procuram ajudar o doente, muito para além do tratamento do sintoma consumo / mau uso de substância/droga.
Na verdade muitos destes consumidores de substâncias psicoactivas, também sofrem de alguma outra(s) patologia(s) da área da saúde mental.
Neste âmbito, algumas patologias merecem destaque, nomeadamente:
·         Perturbações da ansiedade
·         Perturbações do humor
·         Perturbações da percepção da realidade
·         Perturbações da personalidade

Esta é a realidade clínica que cada vez se constata em Saúde Mental.


Tratar uma pessoa, para além do sintoma
Muitas vezes o profissional e a família do doente olham apenas para o facto de o doente ter consumido ou de não ter consumido, sem avaliarem nem valorizarem o sofrimento que existe por detrás do consumo.
Em muitas situações de dependência patológica é necessário criar um espaço, um tempo, após a suspensão dos comportamentos de abuso.
É neste espaço que se pode revelar outra psicopatologia que também importa tratar e que está na origem de recaídas.
Também nestes casos de comorbilidade o tempo de abstinência é um bom aliado do doente e da sua família.
Para responder às necessidades destes doentes, nos países mais diferenciados, tem sido criadas sociedades científicas que aprofundam o estudo destas situações.
O panorama está a mudar na Europa.
Na procura da melhoria da qualidade de cuidados, e da excelência de tratamento, têm sido criadas unidades diferenciadas para situações de sofrimento psíquico de comorbilidade psiquiátrica, conhecido por Patología Dual.
Este conceito abrange situações clínicas em que estão associadas perturbações por uso de substâncias sicoactivas/droga, outras condutas aditivas e outras perturbações mentais.

Unidade de Adictologia
Unidade de Adictologia e Patologia Dual
Procurando preencher uma lacuna existente em Portugal surge a Unidade de Adictologia e Patologia Dual, na Casa de Saúde de Carnaxide.
A profissionalização de respostas clínicas, baseadas em evidências técnicas e científicas actualizadas, é a resposta que melhores resultados pode alcançar perante as situações difíceis.
A avaliação ponderada poderá garantir uma intervenção com cuidados de qualidade a prestar ao doente, à sua família ou envolventes.
Para uma patologia complexa oferece-se tratamento de excelência
Este projecto específico pretende:
·         Diagnosticar e tratar o sofrimento relacionado com o mau uso e abuso de substâncias psicoactivas e com outros comportamentos de risco
·         Diagnosticar e tratar o sofrimento relacionado com as doenças nervosas associadas
·         Criar um tempo de recuperação e de procura de mudanças que permitam reforçar no doente as suas capacidades para a autonomia.


Patologia dual
Para uma patologia complexa exige-se tratamento de excelência
O tratamento de doentes com patologia dual exige a aplicação de estratégias integradas com respostas integradas:
·         No âmbito das farmacoterapias
·         No âmbito das psicoterapias
·         No âmbito da socioterapia

Neste projecto terapêutico coloca-se a cada doente e a seus familiares o estímulo para:
·         Aumentar a compreensão da situação
·         Melhorar a qualidade do tratamento da(s) doença(s)
·         Aumento do conhecimento
·         Incrementar a responsabilidade na autonomia.
Neste projecto é proposto ao doente o tratamento adaptado às suas necessidades clínicas.


Unidade de Adictologia
Este projecto abrange a possibilidade de tratamento em regime de internamento médico, residencial, seguido de tratamento regular em regime ambulatório.

Esta unidade inovadora em Portugal pretende:
·         Tratar o sofrimento associado aos consumos nocivos para a saúde
·         Tratar outros comportamentos adictivos
·         Tratar outras perturbações psiquiátricas associadas
·         Tratar outra(s) patologia(s) associada(s)
·         Estimular o doente e a sua família a cuidar das situações que conduzem à recaída ou provocam a recidiva.
Neste projecto o doente sabe e conhece quem dele se ocupa.
Segredo médico, é uma garantia deste projecto de reencontro com a liberdade.
Se a sobre estima de si mesmo acompanha muitos consumidores de substâncias psicoactivas que se consideram toxico-independentes, a perda de auto estima acompanha frequentemente as pessoas com problemas de dependência/adição, toxicodependentes.
O respeito pela pessoa em dificuldades na procura da sua autonomia, é reforçado pelo sigilo, que é valorizado.

Responsabilidade e liberdade
Reencontrar a liberdade com responsabilidade é a evidência do sucesso terapêutico.

Equipa da UNIDADE DE ADICTOLOGIA
Uma equipa multidisciplinar com intervenções terapêuticas no âmbito de Psiquiatria, Psicologia, Medicina interna, Infecciologia, Fisioterapia, Psicomotricidade, Terapia Ocupacional, Intervenção Terapêutica Individual e em Grupo, Psicodrama, Treino de competências psicossociais.  

Coordenador de Projecto e Director

 Dr. Luís D. Patrício
Médico psiquiatra, Chefe de Serviço


PARA MELHOR COMPREENDER E MELHOR INTERVIR

Um comentário:

  1. Realmente, para mim, é a nossa atitude perante algo que define o facto de ser, ou não, droga.
    Conheço tanta gente que tem a mesma atitude perante o alcool, jogos on-line, comprimidos, etc que eu tinha perante a droga: sem a sua dose não ficam bem!
    No meu caso pessoal só para recuperar a auto-estima a heroína levou 2,3 anos...e não compreendia porquê...
    "Então mas se eu fiz uma desentoxicação e já não ressaco, se eu já "estou limpo" à 2 anos, porque raio não me sinto bem, feliz, concretizado???". Isto fazia-me uma confusão enorme e não compreendia que era tudo muito mais abrangente, muito mais profundo.
    Talvez até o facto de consumir droga nem tivesse a ver com droga! Confuso??? Não.
    O que é preciso é pensar que há quem realmente nos possa ajudar, compreender e encaminhar.
    Há realmente pessoas com habilitações, competência e conhecimento e interesse para nos descobrirmos verdadeiramente.
    Fica aqui este link » http://tv2.rtp.pt/multimediahtml/audio/causas-publicas/2012-01-18/105552 que penso poder dar alguma ajuda neste assunto.
    Cpm especiais ao Dr. Luís Patricio, meu "encaminhador"
    Rui Pinto

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