APPD admitida
como membro de pleno
direito da Associação Mundial de Psiquiatria (WPA).
Por Luís Duarte Patrício, Médico Psiquiatra, Chefe
de Serviço
Director
da Unidade de Aditologia/Patologia Dual
http://www.cscarnaxide.pt/unidade-de-adictologia/projecto-terapeutico
http://www.cscarnaxide.pt/unidade-de-adictologia/projecto-terapeutico
Fundada
em Junho de 2011
CASA de SAÚDE de CARNAXIDE
XVI Congresso Mundial de Psiquiatria
Madrid, 14-18 Setembro 2014
Conferência da Prof Nora Volkow, presidida pelo Dr Néstor Szerman |
http://www.patologiadual.pt/
Assembleia Geral da Associação Mundial de Psiquiatria WPA |
Este reconhecimento da Associação Portuguesa é deveras importante para os
doentes, para as suas famílias, para os profissionais de saúde, para os
profissionais do ensino, para os profissionais da justiça e restantes
autoridades, para os políticos, para a comunidade.
· Para os doentes que assim
podem estar mais esperançados porque com este reconhecimento, ainda mais
profissionais de saúde incluindo de psiquiatria e saúde mental irão entender as dependências, não como um vício
(conceito moral) a combater, mas como uma doença do cérebro que necessita de
cuidados de saúde.
· É importante para as
famílias, porque com este reconhecimento terá que aumentar a competência dos
profissionais com natural repercussão directa na melhoria das qualidades do
tratamento e da prevenção, educação para a saúde.
· É deveras importante para
os profissionais de saúde, porque com este reconhecimento da Associação Mundial
de Psiquiatria, clarificam-se ideias e ideais, combatem-se estigmas nos doentes
e nos profissionais e aumenta a responsabilidade de cada profissional. Torna-se
mais admissível a exigência de competência em Patologia Aditiva para benefício
dos doentes, das famílias, da comunidade e dos profissionais. A competência
engrandece as qualidades e o valor de cada profissional.
· É importante para os
profissionais do ensino, que directamente ou indirectamente podem beneficiar com
a melhoria das competências pedagógicas para a Prevenção, e educação para a
saúde, redução de comportamentos de risco (com e sem substância), com reflexo nos
alunos e seus familiares, potenciando o valor da escola.
· É importante para os
profissionais da justiça e autoridades a quem cumpre fazer respeitar a lei,
porque este reconhecimento pode ser um estímulo para a melhorar a promoção de
valores da cidadania com repercussão na prevenção da injustiça ou na aplicação
da justiça e uso da autoridade.
· É muito importante para o
Homem político, no âmbito internacional, nacional, regional e local, porque
este reconhecimento da Associação Mundial de Psiquiatria, permite o desafio ao
compromisso de ouvir e entender os profissionais com competência e não
porventura apenas os profissionais de conveniência.
· E para a comunidade este
reconhecimento da Associação Mundial de Psiquiatria, pode ser muito importante,
ao permitir ter esperança na melhoria na compreensão da patologia aditiva com
reflexo na qualidade da Prevenção da doença e do mal-estar e na melhoria de
cuidados de saúde em patologia aditiva/patologia dual, no âmbito da Saúde
Pública.
Um caminho a percorrer, uma mentalização a assumir
No início das chamadas toxicomanias contemporâneas, por todo o mundo e em
muitos países, a saúde não valorizou as patologias aditivas e nem a própria
saúde mental, salvo honrosas excepções, lhe deu atenção. E não era raro que os
profissionais de saúde que prestavam atenção aos doentes dependentes fossem
estigmatizados.
Assim, em muitos países, durante muitos anos o assunto, o problema “passou”
para o âmbito social, religioso, jurídico e da auto ajuda sem apoio técnico da
saúde.
Desde os anos sessenta foram acontecendo, gradualmente, em muitos países, muitas
mudança para melhor, e noutros países muito pouca aconteceu.
Em Portugal a primeira consulta para tratamento de “Adolescentes e
toxicodependentes” foi criada em 1973 (pelo Prof Dias Cordeiro) no Serviço de
Psiquiatria do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Em 1977 foram criados no âmbito do Ministério da Justiça, os Centros de
Estudo e Profilaxia da Droga (Porto, Coimbra e Lisboa), orientados por
psiquiatras.
Em 1983 no Porto, foi criada a consulta para toxicodependentes no Serviço
de Psiquiatria do Hospital de São João (pelo Prof Pacheco Palha).
E é em 1987 que o Ministério da Saúde assume o tratamento de
toxicodependentes, criando em Lisboa o Centro das Taipas, para onde foram
trabalhar psiquiatras vindos do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Santa
Maria, equipa da Consulta de Adolescentes e Toxicodependentes, (chefiada pelo
Dr. Nuno Miguel) e onde trabalhei, juntando-se mais tarde psiquiatras vindos do
Hospital Júlio de Matos e Miguel Bombarda. O Centro das Taipas criou oito
antenas em redor de Lisboa, sete das quais seriam autonomizadas dez anos mais
tarde.
Assim no Ministério da Saúde gradualmente deu-se continuidade à criação de serviços
diversos, SPAT Algarve, CAT Cedofeita e outros centros por todo o país, que seriam
a rede nacional do SPTT, serviço eminentemente técnico e que integrou os CEDP.
Este alargamento do SPTT foi construído a nível nacional de acordo com a disponibilidade
de médicos psiquiatras, de medicina geral e familiar e de saúde pública.
Posteriormente os serviços SPTT passaram para o IDT, que alargou mais a
rede. Já neste século surgiram alterações significativas no IDT, com
significativo aparelho administrativo a nível central e regional, e com reforço
de nomeações de profissionais não médicos responsáveis pela gestão de serviços.
No âmbito das patologias psiquiátricas associadas ao mau uso da substância álcool,
o Ministério da Saúde criou em 1978 os Centros Regionais de Alcoologia em
Lisboa, Coimbra e Porto, ainda que os hospitais psiquiátricos e centros de
saúde mental distritais assumissem naturalmente o tratamento de doentes com
dependência de álcool. Em 2006, por lei, estes centros regionais foram
integrados no IDT, sendo que, com ou sem experiência, todos os serviços da rede
IDT passaram a ser responsáveis pelo tratamento de doentes com patologias
associados ao abuso de álcool.
Entretanto em 2004 o Hospital Sobral Cid criara o
Serviço de Alcoologia, que em 2008 evoluiu para Serviço de Adições e que em
2012 deu origem ao Serviço de Patologia Dual.
Associação
Portuguesa de Patologia Dual
Criada em Janeiro de 2011, por profissionais do Hospital Sobral Cid, de
entre outros, a Associação Portuguesa de Patologia Dual (APPD) organizou
trabalho, formações, encontros de profissionais, contactos internacionais e o
processo de candidatura à Associação Mundial de Psiquiatria, e em boa hora os
seus esforços foram reconhecidos.
Mérito reconhecido ao esforço da sua direcção, nomeadamente da a presidente Dr.ª Célia Franco e do Enf. Vladimiro Andrade, vice presidente.
A APPD vai assim reforçar a presença portuguesa na Associação Mundial de
Psiquiatria, organização de que faz parte de pleno direito e com longo passado
histórico, a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, a quem, também
em 2011, foi proposta por psiquiatras a criação da secção de Adictologia e Saúde
Mental.
Reafirma-se assim a Patologia aditiva como área indissociável da
Psiquiatria e Saúde Mental, tal como a restante comorbidade psiquiátrica.
Os Serviços de Psiquiatria terão que assumir as suas responsabilidades, tal
como os restantes serviços de Saúde Pública, incluindo os Serviços de Medicina
Geral e Familiar que naturalmente intervêm nos cuidados de saúde mental dos
seus doentes, sempre que possível, e desejavelmente em articulação com os Serviços
de Psiquiatria e Saúde Mental da sua área.
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